Eu já tinha este poema produzido há um ano, nessa gaveta em que o tempo vai conjugando a valia e a oportunidade das criações. Fui buscá-lo para responder a vendilhões dessa coisa de negar sentido à festa por ela requerer consumo de bens, e para açoitar também essas mesquinhas teorias de que o consumo exagerado de uns diminuiu a vontade de superar a precisão de outros Fui buscá-lo por ver um brinquedito em forma de Pai Natal a fazer flexões e pinos no lajedo granítico da avenida central desta cidade de Braga (recuperei a imagem do Face de Luís da Silva Pereira).
Natal - negócio e folia?
Se é só festa? Fiquemos
com a festa.
Se é só feira? Fiquemos
com a feira.
E deixemos andar tudo o
que resta
Nessas mãos infantis de
quem o queira.
O que resta, afinal, é o
folclore,
Umas lendas, uns mitos,
umas crenças,
Isso, que as tradições, no
seu melhor,
Mostram ser o sustento das
diferenças.
Se o comum que nos fica é a
folia,
Foliões nos tornemos sem
demora.
Se o Natal se tornou
mercadoria,
Mercadores nos mostremos
toda a hora.
Natal pode ser tudo o que
não é,
O que já foi lhe sobra
para o ser;
E mesmo que fraqueje nele
a fé,
Mantém na linguagem seu
poder.
E fique este poema no
mercado,
Que só não será festa por engano.
Natal é um segredo bem
guardado
No coração de cada ser
humano.
José Machado / Braga/ 2016
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