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sexta-feira, setembro 20, 2013

O que faz a diferença? – Reflexão sobre as autárquicas 2013 – II

O que faz é a diferença é o particular de cada um.


(Fiz esta fotografia algures, pelas razões mais óbvias, tanto factuais como simbólicas)


No meu primeiro artigo reflecti  sobre a inconsistência generalizada de querer resolver as autárquicas sem considerar como factor positivo a acção governativa: rejeitá-la ou condená-la parece-me uma fuga para o aumento dos problemas; tomá-la em consideração, para a completar e superar, parece-me o caminho certo. Os autarcas candidatos que apostam em denegrir o governo, responsabilizando-o pelos problemas actuais, parecem-me estar a induzir em erro os eleitores, porquanto as autarquias e seus orçamentos contribuíram para muitos dos problemas que temos. Mas a luta política está aí e, com mais ou menos habilidade ou franqueza, os candidatos estão a amassar o pão que haveremos de comer. 

Onde estão os sinais de diferenciação entre as propostas dos candidatos, eles que tudo prometem e que, a maior parte deles, parecem não considerar a situação real em que estamos mergulhados? A meu ver, há três dimensões que estão em causa: a primeira, é a família política ou ideológica em que o candidato se insere e que, grosso modo, podemos dividir em direita e esquerda, em liberal e socialista; a segunda, é o perfil pessoal de cada candidato, o seu currículo pessoal e o de participação política; a terceira é o programa de promessas ou de projectos que cada um apresenta. É muito natural que a primeira dimensão seja relegada para último, é o que ouço e vejo fazer em todos os fóruns que contacto, aparecendo o perfil da pessoa como grande aposta para se definir o voto, olhando-se a seguir para o programa e projectos. 

Quem conhece as terras e os seus problemas concretos vai decidir-se pelo perfil individual de cada candidato ou vai decidir-se pelos seus planos futuros de trabalho e de realização? Eu aconselharia a que se olhasse em primeiro lugar para o campo ideológico ou família política em que cada candidato se insere e que se visse o seu perfil pessoal dentro dessa mesma esfera de valores ou princípios. Os candidatos que se inserem numa ideologia socialista, por mais competência que o seu perfil tenha e por melhores que sejam os seus projectos, terão sempre tendência em recorrer a mecanismos de ilusão dos problemas que vão enfrentar, desculpar-se-ão com a crise «capitalista» e com o «desgoverno» das imposições da troika e criarão um círculo vicioso de argumentações para as limitações que vão enfrentar. Os candidatos que se inserem numa ideologia liberal, quanto melhor for a sua competência pessoal e quanto mais realistas forem os seus projectos, melhor enfrentarão os desafios limitados que terão pela frente pois a sua tendência será sempre a descoberta das potencialidades do mercado e da iniciativa pessoal, apelarão melhor e mais depressa ao espírito empresarial e ao tecido solidário que está sedimentado em instituições particulares ou autónomas do estado. 

Em suma, a meu ver, é no factor liberdade que está o pormenor da melhor decisão política para o voto nas autárquicas 2013 e este factor, por paradoxal que possa parecer, está mais do lado de quem quer enfrentar a crise a partir dos compromissos com a troika, do que do lado dos que querem embarcar-nos em amanhãs que cantam.

Declaração de interesses: o autor do artigo integra a comissão de honra de «Juntos por Braga»

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