O que faz é a diferença é o particular de cada um.
(Fiz esta fotografia algures, pelas razões mais óbvias, tanto factuais como simbólicas)
No meu primeiro artigo reflecti sobre a inconsistência generalizada de querer
resolver as autárquicas sem considerar como factor positivo a acção
governativa: rejeitá-la ou condená-la parece-me uma fuga para o aumento dos
problemas; tomá-la em consideração, para a completar e superar, parece-me o
caminho certo. Os autarcas candidatos que apostam em denegrir o governo,
responsabilizando-o pelos problemas actuais, parecem-me estar a induzir em erro
os eleitores, porquanto as autarquias e seus orçamentos contribuíram para
muitos dos problemas que temos. Mas a luta política está aí e, com mais ou
menos habilidade ou franqueza, os candidatos estão a amassar o pão que
haveremos de comer.
Onde estão os sinais de diferenciação entre as propostas
dos candidatos, eles que tudo prometem e que, a maior parte deles, parecem não
considerar a situação real em que estamos mergulhados? A meu ver, há três
dimensões que estão em causa: a primeira, é a família política ou ideológica em
que o candidato se insere e que, grosso
modo, podemos dividir em direita e esquerda, em liberal e socialista; a
segunda, é o perfil pessoal de cada candidato, o seu currículo pessoal e o de
participação política; a terceira é o programa de promessas ou de projectos que
cada um apresenta. É muito natural que a primeira dimensão seja relegada para
último, é o que ouço e vejo fazer em todos os fóruns que contacto, aparecendo o
perfil da pessoa como grande aposta para se definir o voto, olhando-se a seguir
para o programa e projectos.
Quem conhece as terras e os seus problemas
concretos vai decidir-se pelo perfil individual de cada candidato ou vai
decidir-se pelos seus planos futuros de trabalho e de realização? Eu
aconselharia a que se olhasse em primeiro lugar para o campo ideológico ou
família política em que cada candidato se insere e que se visse o seu perfil pessoal
dentro dessa mesma esfera de valores ou princípios. Os candidatos que se
inserem numa ideologia socialista, por mais competência que o seu perfil tenha
e por melhores que sejam os seus projectos, terão sempre tendência em recorrer
a mecanismos de ilusão dos problemas que vão enfrentar, desculpar-se-ão com a
crise «capitalista» e com o «desgoverno» das imposições da troika e criarão um
círculo vicioso de argumentações para as limitações que vão enfrentar. Os
candidatos que se inserem numa ideologia liberal, quanto melhor for a sua
competência pessoal e quanto mais realistas forem os seus projectos, melhor
enfrentarão os desafios limitados que terão pela frente pois a sua tendência
será sempre a descoberta das potencialidades do mercado e da iniciativa pessoal,
apelarão melhor e mais depressa ao espírito empresarial e ao tecido solidário
que está sedimentado em instituições particulares ou autónomas do estado.
Em
suma, a meu ver, é no factor liberdade que está o pormenor da melhor decisão
política para o voto nas autárquicas 2013 e este factor, por paradoxal que
possa parecer, está mais do lado de quem quer enfrentar a crise a partir dos
compromissos com a troika, do que do lado dos que querem embarcar-nos em
amanhãs que cantam.
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