Cumpriu-se o ritual de içar a bandeira e cantar o hino na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Braga, no sábado dia 12, posto que de véspera se começassem as celebrações do 22º aniversário com uma tertúlia cultural para invocar Miguel Torga e conversar sobre o livro de Viriato Capela, Rogério Borralheiro, Henrique Matos e Carlos Prada - «As Freguesias do Distrito de Bragança nas Memórias Paroquiais de 1758» - livro pesadão, mas consistente e bem organizado, que se dispõe como «miradouro» privilegiado sobre as nosas terras: de lá para cá é só fazer as contas e pensar nos futuros que fizemos e aos que chegámos hoje: desde património construído a património virtual de crenças e narrativas, desde bens da Igreja aos rendimentos dos párocos, desde rios e serras à caça e à pesca, desde pessoas às instituições; o que lá falta foi o que o progresso fez e agora pode ser uma boa ocasião para nos surpreendermos. O professor Viriato Capela fez uma comunicação de clareza singular e tudo deixou explicado, mesmo nesse insinuar de que hoje não responderíamos tão rápido a um inquérito sobre nós, mesmo nesse insinuar de que podemos estar perto de esquecer as paróquias como «organizadores» do tecido social.A Casa substitui as terras de origem, até quando consome os bens que ela produz e até quando se fecha em reuniões, colóquios, jogos de cartas, romagens ao cemitério, e até quando se esquece como lugar de frequência regular.
Depois, o mês foi de balanço para o ano escolar que findou, quase sem saldo positivo, tal foi a persistência das arritmias legislativas do ME, mas também foi de saídas para animação cultural, folclórica ao fim e ao cabo, que tem sido com este jogo de figurar quem fomos que temos andado a mostar como estamos. Neste passado próximo foram duas saídas para terras de montanha e de serra, Tourém no S. Pedro e Castro Laboreiro no S. Bento, a primeira a 29 de Junho e a segunda a 12 de Julho. As festividades religiosas ainda são pontas de lança da animação cultural e ainda se constituem como espaços de narratividade oral: quem está e quem não está, o que foi e o que é, quanto se fez e disse e mais quanto se escondeu e provocou: ele há padres que falam bem do mundo e outros que o fustigam, ele há pobreza e tristeza, mas ele há também progresso e desenvolvimento, há por aí corredores de ar puro e há por aí gargantas espantadas: tudo se vê e tudo se mostra. Mas quer não que há por aí sinais de fuga e de solidão.
A música popular quer-se gaiteira, o baile quer-se de fôlego e a madrugada continua a ser hora de viração.
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