
Dá para falar destes estados de enevoamento mental ou de perda de lucidez, por excessos de ansiedade reformista, em que me sinto mergulhado, na escola e nos seus arredores de espaço público. Dá para sentir um clima de mistério ou de assombramento de casa. Dá para exprimir esta lentidão de envolvimento nos avatares de futuro. Dá para este exercício de regresso aos sermões de Vieira e à poética de Pessoa e a outras investidas verbais de escritores e críticos. Dá para sentir um frio necessário, regenerador, um tempo de espera.
O nevoeiro faz parte das nossas figurações mentais, a uns serve de consolo, a outros de desespero, a alguns de tempo breve, a muitos de sonho.
Se fosse a subir de Vila Pouca para Jales o vale de Aguiar estaria coberto de nuvens, mar contínuo de espuma iluminada. Chegaria a casa e diria a meus pais que o apagamento das terras era um espectáculo. Meu pai logo me alertaria para a magreza do caldo com base nas pedras da montanha e minha mãe diria mesmo que o Sol nos empurra até ao chão.
Tirei a fotografia na companhia de três amigos, o Borralheiro e o Aurélio e o Filipe, naquele espaço de tempo em que as mulheres nos mandaram à rua para ver o sol.
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