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quarta-feira, maio 15, 2013

Quando não sabemos, «botamos para lá»!


(Esta fotografia foi tirada num tanque na serra de Cabeceiras: a cobra ali estava e todos a quiseram excitar, ver mexer, ver fugir... ou matar...)

Como é que nós fazemos quando verificamos que alguns alunos não resolvem os seus problemas de aprendizagem? Como é que nós aceitamos que nos façam quando não resolvemos os problemas em que nos metemos? Como é que procedemos quando vemos alguém que não sabe resolver os seus problemas? Todas estas perguntas são uma só: como é que nós procedemos quando não sabemos proceder? 

Paramos? Fugimos? Aguardamos que o problema passe? Não. Fazemos precisamente o contrário: aumentamos a discussão, avançamos com mais soluções que já sabemos que não adiantam, criticamos mais quem vier com soluções, discutimos mais, criamos mais confusão. O que faz na sala de aula um aluno que não quer estudar? Perturba, intervém sem qualquer utilidade, irrita-se com a mais leve crítica, leva a mal quem o gozar ou quem despeitar as suas tropelias, ameaça até, insulta, torna-se insuportável até sossegar por exaustão. 

Quando não temos conhecimento não é imediato que decidamos ir estudar, não é imediato que declaremos não saber, não é imediato que decidamos pedir auxílio a quem saiba mais ou a quem nos ensine. Não, em situações de ignorância tendemos para o espectáculo da mesma, tendemos para a relevância de nossa mediocridade. Pode não ter sido sempre assim e poderá não o ser em muitos casos, mas cada vez vejo mais que assim é: a uma confusão, responde-se hoje com maior confusão, a uma solução medíocre, responde-se com outra mediocridade maior. Já o velho ditado diz: asneira puxa asneira, um burro esfrega outro. Pois assim vejo que estamos neste presente de crise: os problemas são grandes e ninguém tem solução para eles, logo, há que deitar confusão, espectáculo de variedades para cima deles. A comédia alivia a saturação, o cansaço gera egoísmo de palavra e a mediocridade aumenta o desejo de estar em palco. 

Ocorrem-me estas reflexões sobre este momento que vivemos: os críticos, e críticos são todos os que não governam nem tomam decisões sobre a governação, em lugar de declararem a sua incapacidade de solução, despejam sobre os problemas toneladas de criticismo fácil, imediatista, agressivo, aumentam o berreiro, mas daqui não sai nada. A velha solução do silêncio e da poupança de palavras deveria ocorrer a todos, mas não ocorre. A velha solução de recolher a penates e aumentar o estudo e o treino deveria apressar as passadas, mas não ocorre. 

Bem, alguma coisa tem de ser feita, mas também não sei qual seja. Eu não percebo de economia e portanto nunca saberei explicar porque é que estando tanto país em crise, o euro é uma moeda forte, nunca saberei dizer porque é que tendo nós tantos ex-governantes na posição de críticos televisivos, as soluções tardam ainda mais e o clima de aprendizagem não progride. 

Talvez deva então recorrer a meu patrono Francisco Sanches e talvez ele tenha alguma dose de solução na sua postura de dúvida contínua sobre as certezas do tempo. Duvido portanto que a solução das sociedades sem classes traga benefícios a este nosso presente, duvido então que a expropriação dos ricos traga vantagens a longo prazo, duvido então que o regresso aos mercados aumente as hipóteses de distribuição, duvido então que o capitalismo seja curativo, duvido de tudo e com nenhuma certeza fico, mas não vejo de imediato o que possa aproveitar em sabedoria. 

Calar-me também não posso enquanto tiver o compromisso de uma crónica na Rádio. Portanto, meus caros leitores, faço o que vejo fazer: aumento com as minhas confusões as confusões em que estamos metidos. Nos intervalos, vou lendo umas coisas divergentes, vou satisfazendo outras dúvidas mais humildes e vou aguardando que a paciência dê frutos. Afinal os alunos que resistem às aprendizagens também acabam por se cansar de não saberem nada. Do cansaço, da escuridão, do nada, criou Deus a luz. 

2 comentários:

Anónimo disse...

Não há maneira de se "fazer luz no fundo do túnel"!
Neste momento luz só a do Sol!

Anónimo disse...

Falando em dificuldades escolares, ainda há alunos que dizem que preferiam ser um animal, pensando em mais liberdade e menos esforço!
Temos o exemplo de ser governados por um "animal" de nome!
Tb não consegue vencer as dificuldades!