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terça-feira, abril 15, 2008

Proximidades e distâncias

1. Inevitavelmente, o entendimento entre o ME e a Plataforma Sindical. Considero um passo em frente, não obstante ter achado pertinência em muitas interpretações que viram neste «acordo» uma vitória da Ministra ou uma derrota dos sindicatos. Interiorizei a ideia de que os sindicatos aumentaram a consciência crítica das situações, como aumentei a ideia de que as escolas não fizeram quanto deveriam para se ter obrigado o ME a perder a face, portanto fico pela teoria de que está um pássaro na mão.

2. Que as escolas deveriam ter feito mais, acho e acharei. Deveríamos ter aproveitado toda a autonomia apregoada e ter construído modelos de avaliação docente simples, directos e de rápido preenchimento, de modo a obrigar o ME a desmontá-los, a proibi-los mesmo ou, quem sabe, a tolerá-los e a utilizá-los. Que não haja ilusões: fui muitos anos orientador de estágios, avaliei e fui avaliado. Não prego moralidades, mas chega de estarmos sempre à espera.

3. Não fui porque não pude à manifestação de segunda-feira em Braga, tinha compromissos de trabalho com uma associação cultural. Mas já agora um reparo: este messianismo de Dias D e de jornadas até à vitória final, deixei-os nas memórias da militância revolucionária, cansativa, fundamentalista e xenófoba. Ponto final.

4. A Beatriz é este rosto da infância. Neta de elementos da Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé». Filha de amigos, a Beatriz é um símbolo desta realidade toda, pesada e leve, em que projectamos sonhos. De vez em quando sai connosco. Dá-nos um renovo.

4. «Serenata ao Fado» - mandei o artigo para a imprensa, mas aqui registo um apreço pela academia universitária, pelos guitarras bracarenses João Moura, Domingos Mateus, Manuel Borralho e Luís Cerqueira, ainda que dois deles não morem no burgo, mas eles todos aqui deixaram e deixam caminhos de som. O jaime Leite ainda mantém uma vitalidade de «boémio» cultural. Bem haja e bem hajam os que se comprometeram. Foi um momento de história da música que encheu o Teatro Circo. Eu gostei.

5. Faço uma aprendizagem de gaita-de-foles. O entusiasmo é de principiante, mas o Paulo, meu mestre galego, merece o respeito da dedicação.

6. Dia 12 de Abril toquei e dancei com o meu grupo na Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima. Toda a complexidade cultural desta iniciativa ou deste acto é sintoma e solução. Fosse o espaço interdito ou não, lá estivemos, com um trabalho que sabemos justificar e que nos dá gosto fazer, sem desejos de polémica e sem receios de entrar nela. Foi bonito. O convite foi de Monsenhor Cónego Melo. Os projectos são fios de contas, cerejas de cesto, nós de vozes, acertos de contas, saltos sem rede.

7. A arquitectura da nova Igreja de Fátima, as esculturas, os símbolos, os trajectos do olhar, são a polémica do interior, núcleos traumáticos da nossa história, complexos a resolver. Mas justificam a conversa, o estudo, o debate. Aquele Cristo de olhos esbugalhados, ou aquela imagem de Mãe na brancura do mármore, ou aquela linha de Cruz na ferrugem do ar livre, superam actos de frustração, são forças criadoras.

8. Ainda há tempo para muita coisa, amigos. A escola vale o sacrifício, não adianta sairmos por birra. Os alunos justificam-nos o cansaço, mesmo indisciplinados e rebeldes, mesmo diferentes para pior, mesmo até se melhores do que nós.

1 comentário:

António Chaves Ferrão disse...

No meio de tanto ruido, algumas palavras sensatas.
Parei por aqui porque tenho este blog no meu rol e queria sentir o pulsar do momento. Mas a leitura fez-me recordar quadras quase esquecidas:

Os sinos da Sé de Braga
Tocam todos à Paixão
O pequeno toca o vira
O grande toca o malhão


Para quem acha que o copo está meio vazio e queria vê-lo a transbordar neste momento,

A minha porta tem lama
A tua tem um lameiro
Se hás-de falar de mim
Olha para ti primeiro


Parabéns pelo blog