(Fotografia tirada por meu irmão António Machado no dia 23 de Junho de 2007)
Eram as trombetas do apocalipse, mas se não foram, pareceram. A noitada de S. João na cidade de Braga subiu de tom e o inferno das roncas, das sirenes e das bochechas inflamadas de ar ocupou os ouvidos, penetrou até aos tímpanos de uma memória já feita de barulhos mais ténues, mais toleráveis e menos impositivos, embora estes já andassem a cobrir uma memória de noites sossegadas, onde os estampidos eram provisórios e efémeros. Quando os martelinhos se impuseram, logo com eles vieram também os apitos da arbitragem, mas este ano chegaram os claxons de camião, essas sanguessugas da atenção rodoviária. Se a juventude estouvada se quis afirmar e exibir, ontem, na noitada de S. João, teve meios de eficácia absoluta. Fico na dúvida que tais roncos sejam apelativos da sedução, mas hoje nada se sabe de seguro sobre o terreno dos instintos. Aquelas sirenes de camião em trovoada, movidas pelo sopro pulmonar, poupando assim no ar comprimido das botijas, trouxeram o desassossego da noite. Já de tarde me encontrara com o Dr. Meneses e ele me dissera que ia a caminho da casa, a fugir da barulheira dos bombos, sobre os quais afirmava o aumento exponencial de barulho e de impacto em relação aos Zés Pereiras da sua juventude, e eu estivera ali a temperar a sua intolerância para com este exibicionismo contemporâneo, mal intuindo o que me esperava nessa mesma noite. Também vim de malas para casa, muito mais cedo do que pensara, muito mais intolerante que o Dr. Meneses. Arre!
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