Colega e amiga, são deste momento as palavras simples, e estas são-no, e por elas nos ficaríamos se as conseguíssemos depurar dos excessos do tempo e do coração.
Do tempo, que foi comum à nossa presença neste espaço de consumição e de aspiração a que chamamos escola.
Do coração, que o ouvimos bater ao ritmo das mesmas ansiedades, de iguais preocupações e de semelhantes desatinos.
Colega, fez-nos o tempo e o espaço que partilhámos.
Amiga, deu-nos sinal o coração que conhecemos.
Assim deveríamos ficar com este recheio na saudade: colega e amiga, excedem por si próprias quanto precisamos de dizer e quanto sabemos que é preciso ser dito nestes momentos de reconhecimento afectivo.
Mas, ou não fora uma reunião de professores a nossa melhor aprendizagem dos excessos, manda a saudade do futuro que nos confortemos com as perífrases do segredo.
A colega Márcia, nascida em Lisboa, aprendiz e praticante deste ofício de ensinar nas terras a Sul do Equador, nessa Angola de tanta promissão quanta ilusão, trouxe consigo esse modo de ser e de estar em que a discrição se conjuga com a eficiência e a atenção se sublima com a dedicação.
Neste cumprimento do ofício docente é dessa segurança de modo de ser e de estar que porventura precisaremos mais ainda no futuro. Ser colega é saber que há outro braço a puxar a corda, é sentir que há outra voz a garantir o sentido, é prever que há outro sorriso a temperar o cansaço.
A amiga Márcia vincou-nos a necessidade da partilha e a precisão urgente de uma simpatia de raiz. Para lá das circunstâncias, a que respondemos com os humores da superfície, a amizade requer-nos a propiciação dos afectos e a profundidade do respeito mútuo, vectores que a Márcia soube pacientemente tornar seus.
Colega e amiga, no próximo futuro voltaremos a esta despedida como hora feliz.
Bem-haja. Que o tempo lhe seja pródigo em anos e em momentos de felicidade com os seus.
Sem comentários:
Enviar um comentário