Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé» apresenta novo cântico a S. João na procissão do dia 24 de Junho.
Desde o princípio do ano que o Grupo Folclórico de Professores de Braga se transformou na Associação Cultural e Festiva «Os sinos da Sé», tendo, para isso, alterado os seus estatutos de modo a poder receber todas pessoas de boa vontade interessadas na prática e na criação de manifestações culturais de cariz popular, a vários níveis de intervenção, sendo um deles a presença regular na procissão de S. João de Braga, com a apresentação de cantares específicos de carácter religioso, produzidos expressamente por compositores contemporâneos. É o que vai acontecer este ano, em que o grupo, para além de retomar uma criação coral do professor Costa Gomes, com letra de José Machado, vai interpretar um hino a S. João da autoria poética de Castro Gil e da autoria musical de Joaquim Santos. Eis a letra:
Com fé, gratidão e amor:
No mundo em que caminhamos,
Convosco, o Senhor louvamos
De quem fostes Precursor.
Nobre mártir da verdade
Sem receio defendida:
Braga, que é Vossa cidade,
Quer a verdade na vida.
Pelas margens do Jordão
Destes a ver o Messias:
Dai-nos a mesma atenção
Na vida, todos os dias!
Se há ainda Herodes agora
A calar a Vossa voz,
Dessa coragem de outrora
É que precisamos nós.
Pequena é Vossa Capela,
Mas a devoção a afaga;
E faz, ao contrário dela,
A maior festa de Braga.
Por isso Braga e S. João
São bons parceiros leais.
E o que uniu a tradição
Ninguém o separe mais!
O pedido expresso desta composição poética ao professor Doutor Amadeu Torres, que assina as obras literárias sob o pseudónimo de Castro Gil, revestiu-se de toda a intencionalidade festiva e cultural, porquanto se trata de um poeta de fino estilo clássico, de profunda erudição e de genuína sabedoria popular. O poeta Castro Gil, entre os dias 15 e 18 de Maio deste ano de 2006, deu-nos, de facto, uma saborosa poesia de cariz popular tradicional, mantendo nela toda a presença da sua erudição bíblica e evangélica, num estilo de linguagem onde se faz presente uma construção frásica de recorte classizante, de inspiração barroca no que se refere à mistura de referências e ao cruzamento de sentidos. O refrão ou estribilho, na forma de uma quintilha, consagra as intenções da saudação e do louvor, unindo os três elementos básicos da relação religiosa – o Senhor Jesus, o profeta João e o povo –, numa hierarquia de súplica necessária às vivências no mundo contemporâneo. Depois, em cinco quadras, o poeta Castro Gil misturou sabiamente três dimensões da mensagem que a festa Bracarense ao S. João conserva e recria todos os anos: a história bíblica do Baptista, na sua condição de Precursor do Messias e de vítima da ferocidade de Herodes, a referência aos lugares da festa, a capela de S. João na Ponte e a cidade de Braga, e a lição evangélica do acto religioso, a qual se estriba na defesa dos valores como a verdade, a atenção, a coragem, a devoção e a união, absolutamente necessários hoje em dia para a vivência da fé cristã.
Deste modo, a Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé», respondendo ao apelo da Comissão de Festas de S. João, apela à presença atenta dos romeiros ao longo da Procissão e à sua presença no ritual litúrgico de encerramento da mesma na Sé de Braga, onde os cânticos a S. João voltam a ser interpretados.
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