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domingo, junho 24, 2007

A noitada de S. João foi de camiões!

(Fotografia tirada por meu irmão António Machado no dia 23 de Junho de 2007)
Eram as trombetas do apocalipse, mas se não foram, pareceram. A noitada de S. João na cidade de Braga subiu de tom e o inferno das roncas, das sirenes e das bochechas inflamadas de ar ocupou os ouvidos, penetrou até aos tímpanos de uma memória já feita de barulhos mais ténues, mais toleráveis e menos impositivos, embora estes já andassem a cobrir uma memória de noites sossegadas, onde os estampidos eram provisórios e efémeros. Quando os martelinhos se impuseram, logo com eles vieram também os apitos da arbitragem, mas este ano chegaram os claxons de camião, essas sanguessugas da atenção rodoviária. Se a juventude estouvada se quis afirmar e exibir, ontem, na noitada de S. João, teve meios de eficácia absoluta. Fico na dúvida que tais roncos sejam apelativos da sedução, mas hoje nada se sabe de seguro sobre o terreno dos instintos. Aquelas sirenes de camião em trovoada, movidas pelo sopro pulmonar, poupando assim no ar comprimido das botijas, trouxeram o desassossego da noite. Já de tarde me encontrara com o Dr. Meneses e ele me dissera que ia a caminho da casa, a fugir da barulheira dos bombos, sobre os quais afirmava o aumento exponencial de barulho e de impacto em relação aos Zés Pereiras da sua juventude, e eu estivera ali a temperar a sua intolerância para com este exibicionismo contemporâneo, mal intuindo o que me esperava nessa mesma noite. Também vim de malas para casa, muito mais cedo do que pensara, muito mais intolerante que o Dr. Meneses. Arre!

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