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terça-feira, setembro 27, 2011

Os calvários do barroco.

Vai decorrer em Braga um colóquio sobre o barroco.
Não deixará de ser tomado como indício de alguma coisa que este colóquio ocorra numa altura em que o dinheiro para mandar cantar um cego se tem de pedir a outros.
Mandar cantar um cego decorre de ele ser o autor de música mais barato possível: não gasta pautas, não transporta estante, nem precisa de instrumentos: canta de cor, canta o que sabe, canta o que pode inventar. Mas canta, à espera de ser agradecido.
Todo o património barroco nos remete para tempos de prosperidade e de investimento artístico, fosse de reis ou de mecenas abastados ou de instituições eficientes na angariação de recursos, como a igreja, por exemplo. O que não deixa de contrastar com uma das temáticas patrimoniais mais glosadas: o calvário ou a via sacra.
Ainda que tenhamos de colocar as criações artísticas na sucessão histórica e elas resultem sempre de uma acumulação de aprendizagens e de influências, o certo é que o período barroco, nesta altura de crise, nos pode motivar e desafiar um pouco mais: no que toca às artes, eis uma boa oportunidade para nos interrogarmos sobre as criações que deixamos nos tempos de fartura e nos tempos de carência.

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