Pesquisar neste blogue

segunda-feira, março 09, 2009

Sobre o estado dos caminhos

(Mais uma foto que RM de Montalegre me enviou para validar a intervenção do seu município na reparação rodoviária próxima, imediata, de algumas mazelas. Aproveito-a como figura discursiva.)

Não sou dado a muita conversação com os visitadores do meu blogue, mas leio-os atentamente, sinto quando me interpelam e quando me estimulam, faço os possíveis por ir integrando as suas contribuições.

De qualquer modo, sigo em estrada que eu próprio vou tratando mal, esburacada e desgastada por minha própria forma de circular, desatempado que sou nas reacções a estragos. Os buracos assolavancam-me, e se bem os provoquei, melhor eles me têm feito em ser castigadores.

Veio a estrada a propósito de uma recente proximidade de conversa com a minha colega Gracinda Castanheira, numa ida juntos a uma escola para trabalho com alunos.

Nos caminhos da educação, a minha geração abriu tantos buracos ou mais que aqueles que quis reparar - pode já o leitor ficar com o resumo final da conversa. Quem frequentou as escolas de antes de Abril como aluno e depois as frequentou logo a seguir como professor, foi o nosso caso, hoje andará com esta imagem das estradas na cabeça: os reparos são continuados, os buracos continuados são. Se antes os havia e nós os julgávamos grandes, até porque o betuminoso ainda não era solução de reparo, andamos hoje com a ideia de que os fomos tapando com mais carga de vontade que de materiais resistentes, mas sobretudo andamos com esta ideia, porventura voluntarista também, de que o estado das estradas pedagógicas se mede não pela lisura de piso ou irrepreensão de estado, mas pela constante emergência de buracos, buraquitos e fissuras, umas vezes de velocidade crescente outras vezes isso mesmo, pequenas, frequentes, irritantes, contínuas.

Um homem habitua-se a andar de cu tremido nas escolas, sem que este tremido assente já em medos, temores ou tremores, para depois passar a andar sempre de carreta na mão a tapulhar. E fomos nós também os que assistimos ao anúncio das autovias ou autoestradas da educação! Por certo, os que lá andarem, terão outro consolo de piso, eu e ela, por cá, neste localismo regionalista de missão, vamos cruzando vias estreitas de progressão, com atalhos, carreiros e cangostas. Eu por acaso vou passar a circular agora com a minha escola em territótio TEIP2, e foi precisamente para tapamento de buracos que apelámos a uma agora sobredita dosagem de discriminação positiva de recursos educativos, oh! palavras que até parecem provir das obras públicas.

Sem comentários: