Pesquisar neste blogue

sexta-feira, novembro 02, 2007

Ouvi-a e penso que

Ouvi ontem, dia 1 de Novembro, na TV em «grande entrevista», a Senhora Ministra da Educação. Penso que ela continua a revelar pouco à vontade com a comunicação social e que continua a dificultar-nos o entendimento das suas políticas, quer em termos de simpatia exterior, quer em termos de assertividade discursiva, quer em termos de relação com os parceiros sociais. De qualquer maneira, de quanto disse e de como o disse, face ao estilo do questionário e da questionadora, saliento:
a) A questão de querer passar para as escolas públicas a regulamentação da assiduidade e da disciplina. O país é pequeno e a escola pública fala muitas línguas, pelo que a autonomia aparece como solução de quem não sabe o que se deve fazer ou o que se pode fazer! Vamos então ver até onde irá a panóplia das soluções locais, se é que vai poder haver soluções locais, do género, esta escola faz assim e aquela faz assado, esta expulsa os faltosos, aquela obriga-os a exames, esta impõe-lhes multas, aquela desculpa-os.
b) A questão de querer desconectar a disciplina comportamental da avaliação, questão que se prende com a anterior, mas que pode ter uma visão global. Será possível? E se for possível é desejável? Seja, admito, mas a ser possível e desejável só com exames e então tudo bem: o aluno falta, que se prepare em casa para exames; o aluno porta-se mal e não modifica os seus comportamentos, que se prepare para exames. De outra forma, a burocracia ocupará o território com silvas e matos e ratos e outros parasitas de lixeira.
c) A questão dos rankings. Se é a Ministra quem neles não se inspira para tomar quaisquer decisões de política educativa, quem sou eu para lhes dar importância. Mas que não os aproveite para falar como falou do ensino particular: o despeito e o jacobinismo quando se associam fazem má figura.
d) A questão do ensino profissional em escolas públicas ditas «normais», ou seja, a inclusão do específico em regime de frequência gratuita, universal e obrigatória: persiste numa ideia que é de reduzida ou nula eficácia: quanto mais e melhor for qualificada uma escola, para a especificidade da sua oferta educativa, melhor funcionará; com esta inclusão de cefs e outros cursos congéneres na escola básica, não se vai a lado nenhum, mas se ela acredita, a fé a leve.
e) A questão das relações de trabalho preferenciais com os conselhos executivos: as comunidades escolares que se previnam, mas onde faltar a presença dos parceiros sociais, a democracia sai fragilizada e o autoritarismo tende a crescer.

Sem comentários: