
Este homem assumiu a continuidade de processos culturais já sedimentados na longa tradição, mas sempre requerentes de um refazer cultural que assegure a sua dinâmica criativa e a sua actualização repertorial, conforme ao tempo e às suas circunstâncias. Nos caminhos da cultura portuguesa e das suas manifestações várias - no interior de uma escala que pode balizar-se entre o chão de terra batida e o altar, entre a linguagem do quotidiano e a expressão erudita, entre o discurso de sobrevivência e o da intervenção política - Augusto Canário concebe a sua produção artística na consciência plena das suas capacidades, sem recear a intromissão em formas e modos de maior exigência de composição. As suas quadras, sextilhas, sétimas, oitavas e décimas que constam deste folheto de cordel ficarão a servir uma biografia de conveniência etária, sem dúvida, mas completamente exposta a um sentimento de orgulho no tempo que é o seu e o nosso, de gratidão aos muitos países já percorridos para testemunhar uma representação lusíada, de compromisso com os auditórios e de lealdade a valores civilizacionais que o configuram como sujeito criador.
Bem-haja e longos anos lhe acrescentem motivos para, em feiras, festas, romarias, livrarias e palcos, pendurar em cordas as suas impressões de alma.
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