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quarta-feira, novembro 28, 2018

Poema de Natal 2018




Recorremos 
novamente 
a este estilo 
de comunicação 
para vos enviar, 
familiares, amigos 
e conhecidos, 
os nossos votos 
de Boas Festas, 
de um Santo Natal 
e de um Próspero Ano Novo. 

App NATAL


Olhai lá,
Vós, os que teclais
E seguis virados
No virtual catálogo:
A app NATAL aí está,
Correndo em sistemas desiguais,
Apta a conseguir bons resultados
Nos caminhos da fé e do diálogo.
Descarregai-a,
Tem funções integradas,
Categorias expansíveis,
Inclui geolocalizador.
Usai-a.
Ideias simples ou elaboradas,
Tradições, modas perecíveis,
Posições contra ou a favor,
Tudo pesquisa.
No Menino e suas circunstâncias
Está a chave geradora das questões.
E é precisa
A avaliar os avanços e as distâncias
De gostos, pareceres, convicções.
É singular
Em sugestões de luzes e de prendas,
Roteiros de viagem, passatempos,
Votos, presépios e concertos,
A par
Das ruas animadas e das lendas,
Dos dados de consumo e orçamentos,
Das folgas de trabalho e dos apertos.
Se quereis
A acumulação e a partilha
De toda a informação sobre o Natal
Buscando um perfil diferenciador,
Já sabeis:
Esta app faz essa maravilha,
Colocando no espaço virtual
Nossos sonhos de um mundo bem melhor.

José Machado / Braga / 2018 / Boas Festas!

sábado, novembro 10, 2018

Em memória do Né Prata


10 de Novembro de 2018 – Cemitério de Monte D’Arcos e Igreja do Carmo

Homenagem da Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé» ao seu associado e ex-presidente Manuel Tavares Lopes Prata, falecido a 10 de Outubro de 2018, com deposição no seu jazigo de uma escultura musical.

Nascido às portas da Sé, como ele gostava de referir, este nosso amigo e associado representou para nós – embora eu fale a partir da minha vivência com ele, creio que poderei usar este sujeito colectivo, pedindo esculpa por algum exagero ou desvio de concordância com quaisquer pessoas – este nosso amigo e associado dizia, representou para nós o bracarense genuinamente assumido em todas as dimensões: uma, a de tomar Braga como origem e fio condutor de seu país, outra, a de tomar a linguagem minhota e o folclore como marca de afirmação, outra ainda, a de considerar a convivência fora de portas o melhor caminho para conhecimento de intimidades, ainda, a de dar a mais séria relevância ao parecer, gerador de invejidade, finalmente, a de considerar todas as razões para se ser orgulhoso do que se tem.

Se alguém discordar de mim por dizer que o Prata dava importância a tudo e ao seu contrário, ia com todas as vozes e vinha com a dele, discutia a tostões a grandeza dos seus, afirmava com intensidade de reclamação tudo quanto achava injusto e perdedor por imposição de cima, terá as suas razões, mas as minhas memórias falam-me assim.

Não vou santificá-lo, mas vou insistir que este nosso amigo e associado foi bom, bonito e digno de reparo positivo em algumas dimensões do humano demasiado humano:

- falo do professor, que começou estudante da escola industrial, portanto do desenhador de máquinas, e depois caldeou seu ofício na Sarotos e na Sociedade Agrícola, e acabou professor de EVT e sindicalista, completando a sua formação superior;

- falo do soldado que foi à guerra na Guiné onde sofreu a morte de seu irmão também militar e onde caldeou arreigadamente na sua personalidade a dimensão do ser português num contexto de império colonial, dimensão que estruturava as suas memórias entre o divertido, o sério e o furiosamente injustiçado;

- falo da dimensão do animador cultural em festas e convívios, no guardador de cantigas que nos socializaram desde os anos cinquenta do século passado, no associado e folclorista (começou no Gonçalo Sampaio) que tinha uma vastíssima rede de conhecimentos e de contactos e que sempre se mobilizava para recolher cantigas e testemunhos de vida – recordo as nossas viagens por Monsul e pelos lares aqui em Braga, com a finalidade de nos documentarmos e de deixar o público satisfeito;

- falo do homem convivial da cidade, o desportista do Braga, o praticante de ténis de mesa, o jogador de mesa, o festeiro, com simpatia de trato e sempre com receptividade efusiva.

Pelo seu casamento com a Cândida, o nosso amigo e associado integrou-se numa família muito intensamente relacionada com a cidade e os seus valores, quer em termos de comércio, quer em termos de contactos e conhecimentos; o nosso grupo usufruiu de alguma documentação relevante sob o ponto de vista etnográfico e folclórico e por certo ainda mais haverá a transmitir.
Pessoas assim como o Né Prata deixam saudade e deixam também aquele sentimento de culpa de não termos feito tudo para mais os valorizarmos e melhor serem reconhecidos na sua acção. Disso me penitencio, e aqui peço desculpa se fui, no que teve de ser, um pouco intrometido, mas reconheço que tal omissão de valorização se fica a dever a esta área de estudo em que, por hábito, estamos habituados a pensar que o trabalho para e pelo colectivo se deve manter anónimo.

Falo por último dessa dimensão que o nosso amigo e associado tinha de nos fazer cúmplices de todos os seus problemas e enredos, desde os familiares aos sociais, num exercício antropológico de voz de recoveira, ofício de sua mãe e orgulhosa e transcendentemente transposto para a sua vida, a par da vaidade mitigada que sentia pela destreza de seu pai como guitarrista de fado e de boémias.

Manual Prata deixou-nos cedo, fez-nos partilhar de seu desenlace e mostrou-nos a coragem alegre com que enfrentou esta parte mais sofrida de sua vida, ele que já nos tinha sido pré-sinalizado por seu médico cardiologista, mas que tinha uma vontade indómita de resistir. E a quem, o nosso estilo de ser e de estar, de cantar e de dançar e de trajar, contribuiu para lhe sustentar a coragem e o gosto de viver.

O que ficou por dizer entre nós que nos sirva de alento para continuarmos e nos dê a garantia de nos superarmos.

À esposa, aos filhos, às noras e aos netos, aos seus familiares, exprimo mais uma vez os nossos sentimentos de luto e pesar e as nossas intenções de solidariedade no tempo futuro de celebração de sua vida. Que repouse em Paz!

José Machado, Braga 10 de Novembro de 2018

terça-feira, novembro 06, 2018

65 anos - aniversário do Nogueira

Duas fotos.... Apenas para acompanhar o almoço de celebração dos 65 anos do colega e ex-companheiro de estudos, no seminário espiritano de Braga, Adelino Nogueira de Oliveira, natural de Seixezelo, Vila Nova de Gaia. O encontro foi num restaurante verdadeiramente singular dos Carvalhos, o Mário Luso, um caso de família exemplarmente preservado e acolhedor. O responsável pela presença de um pequeno grupo de 5 amigos do tempo do Fraião foi o filho, o Rui Nogueira, num acto de absoluta surpresa para os seus pais. Aqui deixo então o poema com que recordarei esta celebração de aniversário, dedicado ao Lino Nogueira pelos seus 65, deixando lembrado o padre Zé Costa, ausente em missão no Paraguai e que enviou uma carta de ternura e de saudade.
Rapazes que fomos,
Pássaros de aceso atrevimento,
Fruta verde, em gomos
De ansioso crescimento,
Num destino de rumo e de missão;
Assim nos descrevemos sempre que dispomos
Os dados de nosso ajuntamento.
Então as águas estavam buliçosas,
Havia no ar a erosão
De terras e gentes remansosas,
Corria um vento desfolhador,
E tudo em nossa fé nos pareceu ingenuidade…
Apenas um não vacilou de fervor
E se entregou em orgulhosa liberdade
A ser por terras ásperas bom pastor.
Nós dispersámos em hora decisiva,
Cada um se foi por seu arado
Em busca de outra luz persuasiva,
Compensadora do trabalho acumulado,
E criadora de frutos no caminho.
Ficou um fio de memórias,
Uma gratidão de amizade e de carinho,
Sobre a mesa de abraços e de histórias.