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terça-feira, dezembro 19, 2017

Sobre o consumismo natalício como retrato do Natal

Eu já tinha este poema produzido há um ano, nessa gaveta em que o tempo vai conjugando a valia e a oportunidade das criações. Fui buscá-lo para responder a vendilhões dessa coisa de negar sentido à festa por ela requerer consumo de bens, e para açoitar também essas mesquinhas teorias de que o consumo exagerado de uns diminuiu a vontade de superar a precisão de outros Fui buscá-lo por ver um brinquedito em forma de Pai Natal a fazer flexões e pinos no lajedo granítico da avenida central desta cidade de Braga (recuperei a imagem do Face de Luís da Silva Pereira).

Natal - negócio e folia?

Se é só festa? Fiquemos com a festa.
Se é só feira? Fiquemos com a feira.
E deixemos andar tudo o que resta
Nessas mãos infantis de quem o queira.

O que resta, afinal, é o folclore,
Umas lendas, uns mitos, umas crenças,
Isso, que as tradições, no seu melhor,
Mostram ser o sustento das diferenças.

Se o comum que nos fica é a folia,
Foliões nos tornemos sem demora.
Se o Natal se tornou mercadoria,
Mercadores nos mostremos toda a hora.

Natal pode ser tudo o que não é,
O que já foi lhe sobra para o ser;
E mesmo que fraqueje nele a fé,
Mantém na linguagem seu poder.

E fique este poema no mercado,
Que só não será festa por engano.
Natal é um segredo bem guardado
No coração de cada ser humano.


José Machado / Braga/ 2016

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