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quarta-feira, março 19, 2014

Para este dia do Pai!




De meu pai digo quanto penso
ser meu dever
e minha obrigação
por seu amor intenso
todo se rever
em minha criação

De meu pai ficarei aquém
em meus caminhos
e minhas veleidades
sabendo-me refém
de seus espinhos
e suas qualidades.

terça-feira, março 04, 2014

A gente vai aos lugares e não vê tudo...


(S. Bento da Porta Aberta - Terras de Bouro - queda de água no lago do parque - fotografia tirada por telemóvel - Janeiro 2014)

O melhor fica sempre por ver, como fica por fazer, como fica por pensar, mas o que se vê, o que se faz e o que se pensa é o que a gente tem por melhor no momento e no sítio em que está. Depois a gente sempre tem a desculpa ou a culpa de não ter visto, nem ter feito, nem ter pensado à altura e é dessa insatisfação que se faz o caminho de uns lados para os outros. 

Nesse dia, o cerimonial religioso era dedicado à abertura das comemorações dos 50 anos de proclamação de S. Bento como padroeiro da Europa, mas também se assinalavam os 400 anos da fundação de um mosteiro naquele lugar. Todas as bandeiras dos países da Europa ficaram a espanejar os pós do tempo. Da função cumprida se saberá ao longo destes dias futuros que são de prenunciamentos ameaçadores. Ninguém em lado nenhum parece estar bem consigo próprio e com os seus, sejam pessoas, territórios, empregos, países ou mesmo ideias de suporte, mas a tudo e a todos se continuam a propor as leituras fundadoras: voltar à ideia de princípio, à ideia de fundação, à ideia de começo, ao livro de raiz, à bíblia, ao «génesis» dos sistemas que nos explicam e que nos insatisfazem (esta é para imitar a geração do «inconseguimento»). 

No aparato cerimonial que foi preciso instalar ou que era pressuposto que se instalasse deu-se pela falta de um coro adequado ao momento e às obrigações do cantado. A falha de gentes para a função foi explicada sucintamente: são de longe e nem todos têm vida que lhes permita estar. Pouco a pouco a gente dá-se conta de que somos cada vez menos para o que já fizemos e para o que vamos precisar de fazer. Num instante a gente está sempre a bater no mesmo: falta gente.

O parque de S. Bento, como as esplanadas da igreja velha, como as larguezas da nova, tudo foi pensado para multidões que ali fossem peregrinar, rezar, folgar e piquenicar em dias de celebração, festa ou passeio. No coração da serra, no barulhar persistente das águas correntes, as imposições da natureza completam as mazelas de alma. Há lugares que nos podem motivar a ver melhor...