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terça-feira, julho 16, 2013

Assistir à génese do poema!

(Fotografias tiradas por meu irmão António em Raiz do Monte, no dia 12 de Julho)


Este centeio foi segado e malhado no dia seguinte, numa iniciativa do Grupo Folclórico local de retoma de actividade agrícola tradicional. Assisti a uma das primeiras reconstituições, filmei-a e gravei algumas cantigas, uma das quais um romance. Publiquei uma reportagem na revista do festival de Folclore de Palmeira. Este ano o centeio estava doirado e já em parte tombado pelo vento. Terá dado mais do que as três dúzias de molhos? 

Meu irmão fixou este rosto de nossa mãe, a olhá-lo, num silêncio quase absoluto e numa lentidão demorada. 


Meu irmão António anda de máquina a tiracolo, habituado já ao peso e ao saco. Não sei onde me apanhou assim a olhar para  ele, mas fê-lo com alguma claridade de atenção, fico-lhe grato. Depois andámos por Vila Pouca a acompanhar meu pai e encontrámo-nos com um amigo de Jales, na abertura da rua principal da vila, numa esquina de sombra onde pára toda gente. Meu pai comprara um rolo de baraço com a finalidade de fazer guias ao tomateiro da horta, ideia que já vi concretizada em rede plástica, em pau de castanheiro, em folhas de fiteira, mas que não supusera ainda com fios de baraço ou corda fina de sisal. Estou para ver. Quando me enviou as fotografias, meu irmão deixou seguir anexo um texto curioso, um poema evidente, a partir da conversa com o amigo de Jales sobre a capadura (ou capação) dos tomates. Aqui o deixo também, sem lhe pedir licença, para leveza deste momento de escrita e de leitura (Caso refile, direi que passou com as fotos sem que o tivesse impedido, ou...capado).

O peso de carregar a semente
O peso de carregar um filho
O pai lá irá embaraçar os tomates com o baraço
Em Vila Pouca naquele fugaz encontro, no inicio da rua central, percebi que se
capar um tomateiro ele dará melhores tomates
Se capar um homem...ele não dará nada
A natureza é prodigiosa!


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