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quarta-feira, março 27, 2013

Estampilhas para sobrescritos inúteis.


A fotografia tirei-a em 2011, a caminho da romaria da Peneda, portanto a 6 de Setembro, da margem direita do Lima, a ver a natureza e toda a intervenção humana que nela fazemos.

O primeiro selo é então sobre esta politiquice corriqueira que anda agora a querer dizer que a hora da terra nos deve apagar ou que nós deveremos olhar para a terra sem nós. Como se não fôssemos ambos concebidos para nos entendermos. Estas causas agora do apagamento da luz, do regresso à natureza extreme, da desconsideração do humano acumulado, se visam uma tomada de consciência de abusos, prestam-se mais a uma violência brutal sobre quem depende já desta natureza humanizada e não da primitiva.

O segundo vai sobre essa mesma engenharia de buscar a luz na natureza e fazer dela uma questão de orçamento totalitário sobre consumidores.

O terceiro cola-se a esta mania lacrimosa de considerar a crise em que estamos como de fácil solução, sendo caso para a superar a mudança imediata de protagonistas ou a expropriação de dinheiros. Toda a gente errou perspectivas e previsões: uns porque já não acreditavam nos números avançados e alertavam para a sua insustentabilidade (poucos e lúcidos, mas não ouvidos), outros porque quaisquer números que se avançassem nunca seriam os números da sua crise ou da sua superação (toda a oposição), outros ainda porque acreditavam em milagres (o governo). A falta de acerto nos números é a evidência da crise e da sua dificuldade de resolução, é a evidência da falta de conhecimento para os problemas.

Salivarei no quarto selo para o pregar a esse sentimento de comiseração que entrou a encher as páginas dos jornais e as perlengas dos comentadores: essa pena de ouvir quem não quis ser ouvido, seja porque matou e foi preso, seja porque incendiou e foi julgado, seja porque violou e fugiu, seja porque adoeceu e retirou-se. Hoje faz-se notícia do contrário que a gerou e pessoa que seja noticiada por fazer o mal, será depois ouvida para se justificar e mais tarde para se arrepender e no fim, de novo, para dizer aos outros o caminho a seguir. Terá sido sempre assim, no fim é este o mecanismo da confissão e do arrependimento, ou seja, é este o calvário da culpa. Faz-me lembrar uma história simples: uma associação despediu um dia um colaborador, expulsou-o, em processo público e clarificado. Um dia, mais tarde, num plano de actividades qualquer, alguém propõe como tarefa de diagnóstico dos problemas que a associação atravessa, ouvir o expulso, saber como vive e de que vive. A gente continua a pensar que a mesma água passa debaixo da ponte as vezes que se quer. Somos sebastianistas, de facto!

O quinto selo é para os postais abertos e expostos à curiosidade: a ilusão da vigilância é a escapatória quando se está encurralado, mas quando toda a gente policia toda a gente é muito difícil fugir: alguns conseguem!


2 comentários:

Anónimo disse...


Muitas vezes os/as "inúteis" fazem falta para trabalhar (ensinar e educar na medida do possível) com os "inúteis" de quem todos fogem a sete pés... valem o gosto pelo ofício e o espirito de sacrificio tb.
Felizmente ainda há "inúteis" que fazem falta ao país(ME)...
mas serão sempre "inúteis".

Anónimo disse...

a atual "inútil" do ME, fica mt feliz por ver um 5 em mat. na pauta dum bom aluno do ano anterior!