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sábado, setembro 22, 2012

Em memória do professor Manuel Maia (1950-2012)


Faleceu hoje, dia 22 de Setembro, após um tempo crítico de doença, Manuel António Soares Maia, o professor, dirigente associativo e animador cultural , entre as outras dimensões que a sua vida determinou e que ele soube honradamente desempenhar. Natural de Palmeira, contava 62 anos (09.04.1950), estava aposentado do ensino, dedicava a sua vida à família e a alguns trabalhos livres na esfera da sua competência técnica, mas sobretudo ao trabalho de direcção e dinamização da Associação Recreativa e Cultural de Palmeira, de que foi e era presidente.  


Como professor, desempenhou o cargo de presidente do conselho directivo da Escola Preparatória de Barcelinhos durante alguns anos, sendo conhecido pelas suas qualidades de colaboração partilhada do poder, dos problemas e das soluções. Como cidadão interveniente, com uma dinãmica cívica declarada de serviço público, esteve ligado ao poder local integrando a assembleia de Freguesia da sua terra, mas foi como dirigente associativo que deixou marcas na freguesia e junto de quantos com ele colaboraram. Foi o grande impulsionador da construção da sede própria da ARCP, dinamizando todas as valências da mesma, à última das quais, o concurso do vestido pintado, presidiu de forma já indirecta enviando uma mensagem escrita.


Como dirigente folclórico, Manuel Maia, que foi também impulsionador da constituição de uma federação regional dos grupos folclóricos, infelizmente de curta duração, teve um papel decisivo na manutenção e desenvolvimento artístico do Grupo Folclórico e Etnográfico de Palmeira, ao qual ficou indelevelmente ligado nas páginas da Revista do Festival. Homem de boas falas e de bons conselhos, partilhou comigo muitos momentos da sua vida e deixa na minha alma um recheio de ânimo, temperança, optimismo e determinação. Rezo pela sua alma, convicto que estou de que ele passou a integrar o panteão dos justos, à direita de Deus.




segunda-feira, setembro 10, 2012

Abertura do ano escolar 2012/2013


Teatro de vozes para abertura do ano escolar 2012/2013
no Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Sanches, em Braga

(Ouve-se a melodia de José Afonso «Canção de embalar» em versão instrumental, acompanhada com toque de caixa, marcial. Ouvem-se as 3 vozes recitadas e o coro no fim de cada série. O coro canta a melodia.)

Voz 1 (da rua)

Todo o nosso tempo é de crise,
Rápida erosão do que era estável,
Crua exibição do improvável,
Fundo abatimento e deslize.

Voz 2 (da casa)

Mas foi sempre assim, diz a história,
Bem disse Camões que a mudança
Não era valor de temperança,
Era de si mesma transitória.

Voz 3 (da escola)

No meio de nós há uma fragância,
Toda ansiedade, voz primária,
Fonte da ternura visionária,
Posta no vergel jardim-de-infância.

Coro

Levanta a cabeça, professor,
Enche o peito na fúria do tempo,
Que os jovens requerem teu fulgor
E o futuro é o teu alento.

Voz 1

Votos e promessas andam juntos
Quando ao poder se quer chegar;
Mais tarde virá quem vai pagar,
Sapatos de vivos e defuntos.

Voz 2

Ontem, como hoje, já se viu,
Sofre, quem não tem, piores tormentos,
Que em mar de maiores contentamentos,
Nada quem roubou, comprou, fugiu.

Voz 3

No meio de nós há o bulício
De olhos, mãos e mentes inquietas,
Ávidas por novas descobertas,
Por saber das letras o ofício.

Coro

Levanta a cabeça, professor,
Enche o peito na fúria do tempo,
Que os jovens requerem teu fulgor
E o futuro é o teu alento.

Voz 1

Cursos ou estudos apressados
Dão-nos outro acesso a mordomias,
Poupam e libertam energias
Pra voos mais altos e ousados.

Voz 2

Bom senso e bom gosto retemperam
Jogos, equilíbrios e partilhas;
Voraz é a fome das matilhas
Que à dextra e sinistra nos governam.

Voz 3

No meio de nós, a adrenalina
Corre pelas turmas, pelos rostos,
Dá-se em euforias e desgostos,
Vive como estrela peregrina.

Coro

Levanta a cabeça, professor,
Enche o peito na fúria do tempo,
Que os jovens requerem teu fulgor
E o futuro é o teu alento.

José Machado / 2012/ Setembro / Braga

domingo, setembro 02, 2012

Vem, ó mãe,

Vem
Ó mãe
Água pura
Raiz do bem
Fonte da ternura
O céu tem o teu rosto
Nas estrelas encrustado
Eu trago em mim exposto
Teu amor sagrado
Mas sou refém
Da saudade
Que arde
Mãe

Fiz este poema há uns anos, minha mãe ainda falava vagarosamente, recorria ao andarilho para se deslocar; musiquei-o como pranto de saudade, cantarolo-o para mim, há dias interpretei-o para ela, ouviu certamente. O poema começa com uma sílaba, vai até às sete e regressa a uma. Publiquei-o num blogue, em homenagem à mãe de amigo conhecido. Penso nesta ousadia infantil de partilhar a minha mãe como ideia que recebi dela própria e de meu pai, pois eles sempre partilhavam os filhos com quem metessem conversa, uma prática familiar enraizada de curriculum vitae.



Na sexta-feira passada, em Raiz do Monte, alguém declarou que meu pai passara a ser o homem mais velho da aldeia, com 85, sendo a mais velha a Tia Gracinda, com 92, esposa do senhor Quintino, já falecido. Seja, por muitos anos!

(As fotografias foram tiradas por meu irmão António na festa dos 88 anos de minha mãe, dia 25 de Agosto p.p. )