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segunda-feira, julho 02, 2012

Reconstituir para se precisar...

A fotografia documenta uma malhada em Paredes do Rio, Montalegre; mas também podia ser em Raiz do Monte, terra de minha mãe, onde esta prática se reproduz como «tradição de trabalho comunitário» para ilustração da dinâmica local da Associação de Danças e Cantares e onde, no próximo dia 14 de Julho, terá lugar o evento, com segada, malhada, rusga de regresso a casa do lavrador, entrega do ramo e merenda ou jantar ou ceia, conforme os sentidos de quem fala sobre os costumes.
Todos os prazeres de situar estes acontecimentos anteriores ao aparecimento das máquinas se somam agora às fotografias com as autoridades locais e às curiosidades de experimentação de turistas ou curiosos. As memórias do sacrifício e da necessidade também emergem, os trabalhos e as técnicas dos expeditos conservam-se com vitalidade e o evento ganha então a dimensão da reconstituição fiel, até na festa que se lhe segue e sobretudo na comezaina que o satisfaz, hoje sempre acrescentada de iguarias.
O evento já é uma interpretação de si próprio: isto faz-se para mostrar que noutros tempos...
Não custa muito, nestas ocasiões, fazer paralelismos com a situação actual de trabalhos e necessidades, toda a gente o faz, sobretudo para o fixar nesses limites de memória e de não retorno.
Todavia, o acontecimento contém todos os sinais de «aviso para se a gente um dia precisar de...», ou «isto podia continuar a fazer-se caso as autoridades não precisassem dele para se promoverem...».

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