Estas duas fotos foram tiradas numa viagem que fíz aos alpes franceses, ao santuário de La Salette, uma subida paciente de autocarro com regresso pela mesma estrada, dizendo-se assim que o lugar da visão é o ponto terminal da visita. Isto foi há dois anos, no Verão, mas tem a ver com o dia de hoje, véspera do dia 13 de Maio, como tem a ver com tudo, até com a crise política em que nos encontramos. A gente quando viaja leva todas as cargas em que não quer pensar, depois da viagem guarda-as em fotografias e quando vai ver estas, recorda-se das que não foram na viagem e se acumularam entretanto. Há-de haver sempre lugares onde alguém, pastores, crianças, gente sofrida ou desatenta até, se confronta com suas visões de absoluto. Depois da fulguração, tudo se há-de explicar em conversas de mesa e de rua, em estudos do simbólico e em hermenêuticas do sentido.
O importante é que as imagens reproduzam uma ansiedade de lugar, de percepção física do território, para nos instalarmos na tradição de o ver. Inseridos na tradição do roteiro, a polémica pessoal passa a precisar de uma catarse: pelo turismo faz-se com facilidade: fomos para ver; pela curiosidade, faz-se com resignação: vimos o que lá estava; pela provocação, faz-se com acinte: tudo interessa a quem o acha. Mas, depois, o tempo regressa sempre com a mesma inquietação: a paisagem fica mesmo para além de nós. O sentido de transcendência é uma poética de desafio.
Hoje é dia de Maio, como um dia que o foi há 40 anos e eu encontrei a minha metade, um desafio de vida que todas as subidas têm consolado.
sábado, maio 12, 2012
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