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sábado, maio 12, 2012

Os lugares propícios a ver mais longe!

Estas duas fotos foram tiradas numa viagem que fíz aos alpes franceses, ao santuário de La Salette, uma subida paciente de autocarro com regresso pela mesma estrada, dizendo-se assim que o lugar da visão é o ponto terminal da visita. Isto foi há dois anos, no Verão, mas tem a ver com o dia de hoje, véspera do dia 13 de Maio, como tem a ver com tudo, até com a crise política em que nos encontramos. A gente quando viaja leva todas as cargas em que não quer pensar, depois da viagem guarda-as em fotografias e quando vai ver estas, recorda-se das que não foram na viagem e se acumularam entretanto. Há-de haver sempre lugares onde alguém, pastores, crianças, gente sofrida ou desatenta até, se confronta com suas visões de absoluto. Depois da fulguração, tudo se há-de explicar em conversas de mesa e de rua, em estudos do simbólico e em hermenêuticas do sentido.
O importante é que as imagens reproduzam uma ansiedade de lugar, de percepção física do território, para nos instalarmos na tradição de o ver. Inseridos na tradição do roteiro, a polémica pessoal passa a precisar de uma catarse: pelo turismo faz-se com facilidade: fomos para ver; pela curiosidade, faz-se com resignação: vimos o que lá estava; pela provocação, faz-se com acinte: tudo interessa a quem o acha. Mas, depois, o tempo regressa sempre com a mesma inquietação: a paisagem fica mesmo para além de nós. O sentido de transcendência é uma poética de desafio.

Hoje é dia de Maio, como um dia que o foi há 40 anos e eu encontrei a minha metade, um desafio de vida que todas as subidas têm consolado.

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