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quinta-feira, abril 05, 2012

Caminhos reparados.













Quando fui estudar para a Régua, concretamente para o seminário espiritano de Godim, no ano sessenta e quatro do século passado, a ponte do caminho de ferro já era um monumento inutilizado, dizia-se que ali o comboio passara uma vez e que nunca mais haveria de passar. Lembro-me de terem sido tristes todas as vezes que olhei aquela ponte, frustrada ao comboio para a outra margem, exemplo acabado da infelicidade nacional, mancha acarvoada na paisagem.













Mas no dia 30 de Março deste ano de 2012, atravessei a pé a ponte do comboio da Régua, a mesma ponte que se enegrecera de tristeza e que agora até me parecia da cor das asas dos pássaros como corvos e melros e milhafres. O chão é de madeira tratada, tem luzes e luzinhas, é espaçosa para além da estreiteza dos carris, é linda. A minha mulher até estranhou o meu contentamento, a minha alegria infantil por atravessar a ponte, para lá e para cá.













De quem quer que tenha sido a iniciativa e a acção e o investimento está de parabéns. Só se fica agora a lamentar todo o tempo que foi preciso para dar reparação a uma linha que a sorte coroara de tristeza, negrura e ferrugem. As margens do Douro estão mais humanizadas, mais suadas, é certo, mas porventura também mais gostosas de se gozarem. Saia um cálice de tratado!

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