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segunda-feira, novembro 07, 2011

Picar o boi!

Pica o boi
Se o queres para lavrar
As terras produtivas da tapada
Pica o boi
Que a picada não lhe dói
Se o queres pra carrejar
O mato espinhoso da encosta
Pica o boi
Que a picada não te rói
Se o queres para emprenhar
As vacas disponíveis da manada
Pica o boi
E aproveita toda a bosta
Que ele te deixar na caminhada
Pica o boi
Que a picada não boicota
E o boi não faz batota
Pica o boi
E não largues a aguilhada
Entre ti e o boi há uma vara
Que representa a lei que vos ampara
Se a deixares no jugo, a besta pára
Se a puseres ao ombro a besta avança
É o poder da vara que vos cansa
Vais de vara à feira
Vais de vara à festa
Até na procissão ela te presta
E conservá-la é tudo o que te resta
Chama boi à vida, ávida, sofrida,
O boi é o trabalho, é o cansaço,
A vara é o teu braço
E o boi é receptivo no cachaço
Pica-os com a mesma intensidade
Não ganhes o cagaço na subida,
Não tragas o cangaço na descida
Pica o boi que é a tua liberdade
Pica o boi
Que a picada sempre foi
A tua novidade.

quarta-feira, novembro 02, 2011

Gregos e troianos!

Recorro a esta imagem do cavalete do poço de Santa Bárbara das Minas de Jales para lembrar o tempo das minas de ouro, a profundidade a que já corria a exploração e os desvarios que as encerraram. Andam agora os garimpeiros por outros lugares, corre o preço do ouro por máximos e voltam a perspectivar-se as ilusões. Um povo tem de estudar a narrativa de suas empresas para perceber até onde pode descer ou subir a nossa ambição.

O facto de termos herdado a paideia grega deve levar-nos a desejar que eles a conheçam ainda melhor do que nós e nela se inspirem. Um povo não pode ter as narrativas fundadoras e agora transformá-las em programas de desenhos animados.