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domingo, setembro 04, 2011

Parabéns, minha mãe!

As fotografias foram tiradas por meu irmão António no dia 25 de Agosto, em Raiz do Monte, no dia do 87º aniversário de nossa mãe. Brindámos à sua presença entre nós, agora dando-nos o exemplo do sofrimento absoluto no silêncio da sua intimidade. Todos temos consciência do seu estado e tudo fazemos para melhorar as nossas limitadas capacidades de intervenção. A nossa mãe foi sempre uma voz levantada para o nosso sustento e para a nossa educação, redundava os actos em palavras e destas fazia obra de alimento físico e espiritual. Porventura somos todos faladores devido a ela, dimensão que costumávamos atribuir mais à influência de nosso pai. As palavras são agora pequenas e mínimas, como as suas memórias requeridas por nossa ânsia de reconhecimento, mas é ainda total o seu olhar demorado, a sua percepção de nós e de si, a sua resignação ao que é. Queira Deus que a luminosidade de sua vela nos esclareça sempre os valores da palavra e das aprendizagens legadas por seu exemplo. Todas as lágrimas são já subterrâneas.

Em nossas festas brinda-se por todos, pelos presentes e pelos ausentes, por este e por aquele, estejam onde estiverem, sendo a palavra a chamá-los à mesa e a este encontro de copos sempre em risco de colisão excessiva. Foi meu pai quem nos interiorizou esta prática ruidosa de brindar, com elevação da voz em cadência ascendente. Os mais novos acham a algazarra excessiva, mas é assim que a coisa ainda funciona com graça.

Estão sete netos na imagem, duas filhas e é ainda perceptível a nossa Hermínia, a senhora que cuida de nossos pais. Cantámos os parabéns, houve repetição no acender e apagar das velas pelos netos mais novos, houve a distribuição do bolo por idades, com os habituais atropelamentos ou fugas, houve os elogios e o discurso do Zé, eu próprio, este ano mais mudo também, mas talvez certeiro no que disse, assim mo reparou meu sobrinho Duarte. A mãe teve de nos suportar a festa! Ó amor de mãe, paciência de mãe, silêncio de mãe!

Aí estamos nós a seguir o curso dos anos, ainda bem favorecidos pelo amor e pelo preto e branco da fotografia, que meu irmão anda sempre atrás de uma fixação de sentimentos e os dele são generosos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Com o passar dos anos,olhamos para o rosto da nossa mãe com um carinho cada vez mais profundo, e um sentimento de respeito, tranquilidade e proteção sempre especial.

Anónimo disse...

M aravilhosa
A miga
E special