Pesquisar neste blogue

segunda-feira, setembro 06, 2010

O regresso à escola II

Por uma visão
erótica / irónica / heróica 
da escola
(O leitor é convidado a ler as quadras e depois decide pelo adjectivo que melhor satisfaz a leitura)









No percurso escolar
Toda a cautela é um beijo
Que se troca ao partilhar
As histórias do desejo
Mas a cautela é processo
Que só arde em liberdade
No sentido sempre inverso
Ao da cega autoridade

Na rudeza do espaço
Todos os olhos são lume
Em que se queima o cansaço
Em que se ilude o queixume
Mas os olhos são espelhos
De cuidada transparência
O tempero dos conselhos
A sede da resistência

Na fulgurância dos rostos
Valem os gestos mais leves
No dinamismo dos gostos
Valem as frases mais breves
Mas os gestos são ternura
Que a razão requer presente
E os gostos são levedura
Que nos leva na corrente

Todo o trabalho é tensão
É acordo e conflito
Um rio que a sedução
Transforma em mar infinito
Todo o prazer do percurso
Está na surpresa das margens
Na solidez do discurso
Na invenção das viagens

JM / Braga / Set 2010


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

2 comentários:

António Machado disse...

Meu caro, numa pausa de trabalho veio-me a vontade de comentar e fazendo a leitura dos versos pelas fotografias, diria que se na primeira virmos um amanhecer, um novo dia, uma nova escola que começa, um novo ano lectivo, um novo ânimo, uma nova viagem e um desejo nascente ou também poderemos ver, ainda na primeira fotografia um fim de dia, um cansaço, um dever cumprido, um queixume, uma levedura que repousa, uma escola fechada, um mistério e também um desejo nascente.
Já na segunda foto vemos um campo de milho, a semente cresceu, a escola semeou, vejam como cresceram saudáveis e fortes, verdes ainda mas rijos, vamos ter certamente uma boa colheita, haverá surpresas? Haverá. Algumas ervas na foto? É dos meus olhos? Erro na foto? Serão do sistema?

A sequência das fotos, a tensão, o rio, a viagem vai da escuridão para a luz, tal como a escola.

gracinda disse...

Comento com a última estrofe...e faço minhas as palavras do António machado.Pode ser?

"Todo o trabalho é tensão
É acordo e conflito
Um rio que a sedução
Transforma em mar infinito
Todo o prazer do percurso
Está na surpresa das margens
Na solidez do discurso
Na invenção das viagens"