(A fotografia foi tirada por mim na estação dos caminhos de ferro de S. Bento, no Porto, e aqui a uso para ilustrar a acumulação de teias de aranha em tudo o que se expõe ao ar.)
E a incúria de quem administra. E o desmazelo de quem governa a casa. E a inevitabilidade do trabalho das araneae.
Quando o vento entra no átrio da estação, as teias levantam como lençol e depois voltam a cobrir o quadro, até ao limite dos braços de quem limpa.
É assim a estação e é assim a escola, é assim esta vida que se expõe ao tempo. Tudo está com teias de aranha por cima e assim se mantém. As teias são já parte do olhar.
Dizer que as teias são estratégia de quem manda não é despropósito algum. Aliás, só assim podem manter-se tanto tempo a acumular a cor. A renda aracnídea é uma armadilha e cumpre a função. Os artrópodes são um paradigma de paciência na dissimulação e no desgaste. Elas são uma aventura no caminho da gente.
Meu pai recomenda que se cortem giestas e se usem no trabalho da limpeza, umas e outras se entretecendo até ao lume. Os hábitos são castigadores.
É bem certo que limpar teias de aranha não é mudar a realidade, mas ver limpo é uma ansiedade e só esta nos faz esperar os melhores dias. De um mural de azulejos, de um quadro, da escola!
terça-feira, setembro 21, 2010
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