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domingo, junho 27, 2010

Mega, mega, mega!

Ao longo desta semana são-joanina fomos surpreendidos por essa ideia do encerramento de escolas e por essa outra dos mega-agrupamentos em centros urbanos, uma outra a confirmarem as bizarrias do entendimento contemporâneo sobre a gestão de pessoas e bens. Anda aqui uma cultura popular de centro comercial, vantajosa para o imaginário da prestação de serviços, acolhedora na sua simplicidade de ajuntamento, mas perniciosa quando transformada em modelo do social. Tudo terá a ver com a nossa demografia, é bem certo e real, mas daí à imposição e generalização do modelo vai um grande passo. A economia de recursos é dada como explicação, como o foi sempre que se quis fazer qualquer reforma. Faz lembrar este recente agrupamento das escolas do pré-escolar e do primeiro e segundo ciclos em agrupamentos para poupar recursos, com a lógica de tudo ficar mais barato aos dinheiros públicos e depois engordam-se as despesas só com os ordenados dos directores, diminuem os trocos só com as deslocações do pessoal e minguam os resultados com a dispersão de assuntos, reuniões e burocracias. Agora é o fecho das escolas com menos de 20 alunos, também com o argumento de que os alunos nos centros urbanos têm melhores serviços educativos e escolares, esquecendo a morosidade dos transportes, a separação das famílias, o rompimento de laços geracionais, a perturbação dos espaços de referência e a fragilização de todos os mecanismos de ocupação do tempo. De vez em quando a sociedade extrema-se e uns vêm pregar que o pequeno é que é bonito, depois outros vêm e defendem que o grande é que faz sentido e neste emagrecer e engordar perde-se o tempo e gasta-se a paciência. Haja quem me explique, como se eu fosse muito tapadinho, que fica mais barato e mais eficaz o encerramento das escolas em lugares, freguesias, aldeias e vilas. Haja quem me explique que fica mais racional o mega-centro escolar do que a pequena escolinha. Até hoje, e já levo a experiência de estar em médio agrupamento de escolas há meia dúzia de anos, ainda não vi vantagem nenhuma na junção de projectos escolares, só vejo aumento de despesa, perda de recursos e engordamento de lideranças. Até hoje ainda não vi que vantagem pudesse haver por se fazerem assembleias ou comícios de professores em vez de reuniões de pequenos grupos. Haja quem me explique que é melhor para o país este mega ajuntamento de escolas, alunos e professores, em vez da simplicidade que tínhamos dos pequenos centros escolares. Já agora defenda-se a junção do nosso país a outros mais pequenos para se fazer um mega-país! Ou então abdiquem os governantes de o ser, por nos bastarem dois ou três líderes sediados em Bruxelas. São as ideias totalitárias que crescem como cogumelos. Daqui a uns tempos, viram-se as modas e talvez achemos graça ao que tínhamos antes.

1 comentário:

gracinda disse...

Uma enorme desilução nos assola. O desencanto aumenta em cada dia.Quem nos governa não tem norte, Zé!
Abraço amigo que os amigos ainda encantam.