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segunda-feira, maio 10, 2010

Os alunos com necessidades educativas especiais

Há limites e há casos, mas, no geral, os alunos com necessidades educativas especiais, motoras ou cognitivas, cognitiva e motoras, visuais ou meramente instrumentais, beneficiam da integração em turmas normais. Eu próprio já não sou o mesmo desde que tenho na minha turma um aluno com problemas do espectro autista, amadureci mais um pouco em alguns aspectos da teoria pedagógica e da didáctica, e até acho que renovei bastante em atenção aos pormenores, em termos de relação com todos os alunos.
Claro que não faço ainda tudo quanto acho que deveria fazer, pela simples razão de que não tenho tempo suficiente para preparar as actividades, já que a escola me pede demais para além do que já tenho obrigação de fazer. Mesmo os alunos ditos normais, e que se encontram muito bem preparados cognitivamente para as actividades disciplinares e não disciplinares, vão um dia mais tarde aperceber-se de quanto ficaram a dever na sua formação ao convívio com alunos especiais.

O futuro é que nos vai dar sentido às experiências da juventude e quando chegar a vez de esta amadurecer nas suas vidas, os jovens sem dificuldades vão perceber de outro modo algumas das suas particularidades. É esta dimensão do outro e da presença dos outros nas nossas vidas que nos faz ser diferentes para melhor, estou certo. Quem um dia for a uma cantina escolar e se puser a observar como comem os alunos com dificuldades motoras e como comem os alunos normais acabará mais depressa por estranhar os modos desintegrados destes que os cuidados treinados daqueles: por normalidade passa hoje toda uma teoria de desprezo pela comida, pelo pão, pela fruta, pelos talheres, pela mesa; por normalidade passa hoje toda a barbárie de gestos contorcionistas e de palavrões de muitos alunos bem constituídos; por normalidade passa hoje toda a irreverência verbal abusadora de jovens que vêem bem, ouvem melhor e mexem todos os músculos do corpo sem dificuldades; por normalidade passa hoje toda a bagunça de lixo que é deixado numa sala de aula ao fim de noventa minutos.

Enquanto a os alunos com NEE requerem uma observação minuciosa para verificarmos os seus progressos, os alunos ditos normais mostram-nos, sem qualquer esforço de observação, um esbanjamento de experiências e uma perda de oportunidades.

1 comentário:

Anónimo disse...

O percurso profissional de um professor é rico em experiências/vivências nos mais diversos contextos sociais devido à mobilidade que o seu ofício exige ao longo dos anos.
Tudo isto enriquece o prof. e ser humano que somos. Não há dúvida que trabalhar com estas crianças especiais ensina-nos muito. são precisamente estas crianças que nos marcam e das quais guardamos recordações por muito tempo. Fazem-nos olhar para a vida com outro valor e apreciar os mais pequenos pormenores que para elas e para nós educadores são grandes passos.