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sábado, novembro 28, 2009

Tudo tem de ser excessivamente?


Um dia estive aqui e fotografei assim, que me pareceu tudo tão limpo e ordenado, tudo tão luminoso e tão fácil de entender, numa lógica em espiral, de baixo para cima e do centro para a periferia, desenrolando sempre.

Toda a satisfação do lugar foi a visita, o instante de reparo, a passagem breve e a paragem para a fotografia. E mais a sensação colhida de tudo estar ali para toda a gente, na plena liberdade de ser e não ser obrigado a gastar um cêntimo!

Todo este lugar foi contrário e contrastivo de outros, este por ser maior e mais elaborado, outros por serem mais reduzidos e marcados por todas as formas de desleixo. Quem tem, sorri, quem não tem, pasma!

O desleixo ou o descuido ou o disforme ou o informe, são hoje lugares de prazer e de culto, radicais na sua dinâmica constrastiva, questionadores do cheio ou opulento ou abundante ou excessivo, mas estes também são lugares de prazer e de culto, embora ambos delimitadores de razão e fomentadores de violência.

Ser conformado ou inconformado, ou ser suspensivo de opções, observador isento, equidistante de modos e de modas, ou ser tão só desconfiado e problematizador, como se estes papéis estivessem em trânsito e não pudessem ser recusados, acaba por ser um jogo de sorte.

O texto parece disforme e abusivo: é só a minha maneira de dizer que fico encolhido com a crise financeira, que fico irritado com as faces ocultas de meu país, que fico perplexo com as descobertas da nossa tendência para o desaparecimento, que fico intranquilo com a necessidade de fazer obras em casa, que fico preocupado com os novos programas de português, que fico neura com o jejum e a abstinência e que fico com comichão sem saber por que motivo.

Morreu-me mais um amigo, o senhor Miguel Miranda, presidente da Junta de Freguesia de S. João do Souto. Quando eu estudei aqui na Faculdade de Filosofia, hospedei-me em casa de seus pais, na Rua de Santa Margarida, nº 163. Ali o conheci e ali convivi com ele para todos os dias depois, uma franqueza de relação, uma ternura de palavra, um abraço de boa disposição, uma vontade de bem fazer. Paz à sua alma!


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