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segunda-feira, novembro 30, 2009

As figuras do Natal





















As figuras do Natal

As três figuras tipo do Natal
Têm hoje um estatuto controverso
Nos fóruns sobre o mundo actual:

O filho de quem é? A Mãe que diz?
O pai que faz ali? Quem foi perverso?
Tanta incerteza deixa alguém feliz?

Ainda por cima, o filho vai morrer,
A mãe vai assistir à sua morte,
Do pai, pouco se fala ou quer saber!

Só gente humilde pode achar piada,
Como os pastores, fiéis à sua sorte,
E os reis perdidos, na noite estrelada.

Não falta quem afirme e argumente:
Só ganham com a cena, os animais,
Que em muitos lados valem mais que gente!

Vêm à baila os filhos rejeitados,
Os que nunca souberam de seus pais
E os que são, desde o berço, aventurados!

À colação, vêm homens e mulheres
Que, sendo sós, se afirmam com direito
A terem como filhos outros seres.

Que basta um género para haver família,
E tudo o mais é mero preconceito,
Servem as leis para constituí-la!

A rebater, vem este encantamento
Que as três figuras fazem na história,
Propondo dela um novo entendimento,

Vendo na fé essoutra dimensão
Que mais liberta o homem da memória
Da sua finitude e condição.

Apenas as figuras se limitam
A ser este mistério intemporal
No coração daqueles que acreditam:

Que Deus, para nos salvar, se fez menino.
Se é esta a controvérsia essencial,
O figurado tem papel divino.

José Machado / Braga / 2009
Com os meus votos e os de minha esposa
Albertina Fernandes de Boas Festas e Feliz Ano Novo!

sábado, novembro 28, 2009

Tudo tem de ser excessivamente?


Um dia estive aqui e fotografei assim, que me pareceu tudo tão limpo e ordenado, tudo tão luminoso e tão fácil de entender, numa lógica em espiral, de baixo para cima e do centro para a periferia, desenrolando sempre.

Toda a satisfação do lugar foi a visita, o instante de reparo, a passagem breve e a paragem para a fotografia. E mais a sensação colhida de tudo estar ali para toda a gente, na plena liberdade de ser e não ser obrigado a gastar um cêntimo!

Todo este lugar foi contrário e contrastivo de outros, este por ser maior e mais elaborado, outros por serem mais reduzidos e marcados por todas as formas de desleixo. Quem tem, sorri, quem não tem, pasma!

O desleixo ou o descuido ou o disforme ou o informe, são hoje lugares de prazer e de culto, radicais na sua dinâmica constrastiva, questionadores do cheio ou opulento ou abundante ou excessivo, mas estes também são lugares de prazer e de culto, embora ambos delimitadores de razão e fomentadores de violência.

Ser conformado ou inconformado, ou ser suspensivo de opções, observador isento, equidistante de modos e de modas, ou ser tão só desconfiado e problematizador, como se estes papéis estivessem em trânsito e não pudessem ser recusados, acaba por ser um jogo de sorte.

O texto parece disforme e abusivo: é só a minha maneira de dizer que fico encolhido com a crise financeira, que fico irritado com as faces ocultas de meu país, que fico perplexo com as descobertas da nossa tendência para o desaparecimento, que fico intranquilo com a necessidade de fazer obras em casa, que fico preocupado com os novos programas de português, que fico neura com o jejum e a abstinência e que fico com comichão sem saber por que motivo.

Morreu-me mais um amigo, o senhor Miguel Miranda, presidente da Junta de Freguesia de S. João do Souto. Quando eu estudei aqui na Faculdade de Filosofia, hospedei-me em casa de seus pais, na Rua de Santa Margarida, nº 163. Ali o conheci e ali convivi com ele para todos os dias depois, uma franqueza de relação, uma ternura de palavra, um abraço de boa disposição, uma vontade de bem fazer. Paz à sua alma!


sábado, novembro 14, 2009

Ministra da Educação: primeira reacção

Ouvi-a hoje na televisão, de olhar instável e de aspecto alheio ao status de ministra e fixei-me nesta impressão de ter ouvido literatura, enunciado preenchedor de intervalos, texto ocupador de espaço, pausa narrativa para introdução de outra coisa, mas tudo muito generalista e disfuncional na presente conjuntura. Apetece deixar o livro para mais tarde. Enganei-me?

Comichões e tratamentos de pele


O diagnóstico é de eczema numular e numular quer dizer em forma de moeda, arredondado, portanto, com grande comichão e vontade de coçar até ao limite de provocar ferida. Apareceu nas pernas, nos braços e na barriga, provavelmente com origem subterrânea na camada profunda e inconsciente, a antecipar outra qualquer emergência futura, provavelmente com origem etiológica apoiada em historiais de família, provavelmente devido à frequência de banhos e de idas a piscina, provavelmente por qualquer outra causa, pele seca, frequência de alimento ou de habitat estranho. O certo é que um homem coça-se, sente-se, vai ao médico e começa o circuito da experimentação de pomadas e unguentos, começa a rotina das análises e dos despistes de alergias, começa a frequência de conversas. E um homem coça-se, em público, sem se dar conta, de dia e à noite como se a mão lhe pudesse ser todo o alívio e as unhas um auxiliar oportunista. Não se pega nem é contagiante, pois bem, já é alguma coisa então de muito pessoal. Pode regredir e pode emergir, pois bem, será então um vizinho muito próximo a considerar umas vezes longe outras vezes quase em cima. Será de foro neurológico, do domínio do stress profissional ou lúdico, do domínio de nervos em desafio. A ser deste tipo, um homem mede os passos e de facto encontra razões que lhe podem aumentar a esfregação: desde as histórias da escola às histórias da política global, desde as pessoas muito próximas às mais afastadas, desde os casos ganhos aos perdidos, desde as angústias às aflições com primeiros e segundos e terceiros, desde os entretenimentos aqui e ali e acolá, como se toda a pressa fosse toda a necessidade. Será da idade um caracterizador seguro. Seja, transporta-se então  como se fora filho e arca-se com todo o peso que tem. A ver e a seguir com relato se for caso.

O gatinho da imagem encontrei-o em Malaca, é o chamado gato persa, que se fez para a fotografia, um dos negócios de Edward, homem de sete ofícios e animador por excelência.