Pesquisar neste blogue

terça-feira, setembro 29, 2009

Projecto Malaca XV

Fotografia com Gerard e Noel Felix a cantarem. Sobre Noel Felix e a sua obra musical e poética voltarei a falar porque ele representa toda uma história de sedimentação da cultura do Bairro Português. Vi-o no Bairro sempre envolvido com a juventude do grupo da Marina, a transmitir as suas canções e a vincar modos de interpretação. Tocámos juntos, a «Jingkli-Nona» e o «Morisco», melodia e ritmo, aprendi a dançar o branio, comprei depois um pijama para a «performance» ficar mais surpreendente.
Nas despedidas procuram-se as frases de regresso, um «até sempre» que se dê a sentir como até à próxima e esta seja já amanhã. Mas as palavras têm o sentido delas próprias e o de que podem ou não dizer, elas dão conta de tudo quanto sofrem para se exprimirem.

Mas se há pessoa de quem devo falar agora e no futuro é deste Homem, o homem «full», completo, íntegro e profundamente humano que nos recebeu, a mim e à Cátia, que aceitou a Cátia como hóspede, que nos proporcionou todas as condições de uso da NET em sua casa, que nos alimentou, que nos levou a passear, que foi um interlocutor imprescindível. Com ele de tudo falei, desde os projectos do bairro à vida política e pessoal. É um estratega, um profundo conhecedor da vida e das pessoas do bairro, vice-presidente do painel do Regedor, perspicaz no conhecimento da política malásia, marinheiro do barco, seja por flutuação de superfície, seja por aceleração em águas fáceis, seja por cautela em profundidades; acima de tudo, uma dinâmica de «portuguesidade» que é respiração: mais conteúdos de português, mais futuro; mais conteúdos de «localismo», mais futuro. Angariador de dinheiro para as festas, sabedor da burocracia para apresentar às autoridades, conhecedor de virtudes e defeitos, ele sabe navegar e tem a paciência de o saber fazer. É rico?, pareceu-me que o era por esforço denodado, pois as suas empresas na área do hardware funcionam em pleno, tem por essa via os recursos pessoais adequados à hospitalidade, as condições favoráveis ao funcionamento de vontades. Tem uma família e tem uma grande mulher, profunda conhecedora do vocabulário «kristang» ou português de Malaca, eficientíssima dona de casa, companhia de ternuras e de atenções. É Mr. Banerji.

Aqui senti uma família ao ritmo de um projecto, como senti o projecto ao sabor da vida, sem as pressas e as angústias que normalmente gente assim colocada como nós tem tendência a dar-lhes e a exigir-lhes. Conhecedores do clima, sabem como as tempestades passam, sabem como os dias correm. Bem-hajam e que Deus lhes dê o dobro do que deles recebi, que nesta palavra dobro deixo todos os multiplicativos.

Aqui está em primeiro plano Mrs. Agnes, com a Cátia. Todos os sabores de comidas várias me deu a provar, com ela toda a orientalidade gastronómica me fez sentir bem. Aquele «spicy» é um tratado de memórias e de ensaios, mas é uma necessidade. Aquele recurso do chá chinês é uma sabedoria, o seu café foi sempre uma xícara de motivação. Ó minha mãe que tanta saudade me lembrou e ali a vi presente, que ela também assim faria a outros se pudesse!
A fotografia da emoção final: a foto de conjunto na hora do adeus. Uma incontinência de lágrimas e de apertos. Foi assim e ainda não passou. Serei desta fragilidade, mas o «strong man» claudicou na hora.
Em primeiro plano a Cristiana Casimiro, a amiga da Filomena Veiga aqui de Braga, as duas pessoas que me congeminaram o mês de Setembro, este Setembro da Senhora da Peneda e da Senhora dos Remédios a que não fui ou que lá vivi. Todas as romarias me foram úteis, António Castanheira, outra presença diária nas minhas idas e vindas no Bairro Português. Sempre tiveram alguma lição as nossas caminhadas, António, só espero mesmo que sim.
Por Malaca ficam estas duas caras lindas, a Cátia no Bairro portuguêss e a Cristiana Casimiro na Universidade de KL, ambas dedicadas ao projecto, ambas motivadas para o aumento significativo dos conteúdos em português, o nosso e o de lá, que são irmãos de sangue e atravessados de experiência.

Eu fui recebido assim no aeroporto de Lisboa, pela mãe da Cátia e pela Luísa Timóteo, presidente da Associação «Korsang de Malaca», uma torrente de energia e de voluntarismo. É com estes pequenos gestos que se movem as montanhas.
Obrigado e vamos à vida que tudo continua a precisar de obra.

2 comentários:

Anónimo disse...

Zéeeeeeeeeeeeeeee!

Estive agora a comer caranguejo com o Noel Feliz, Kevin e Samuel...aqui ja sao 1 da manha....falamos tanto de ti e sobre tanta coisa ....!

Tenho de te contar:;)

Beeijos para ti e tua Tininha eheheh

Ela tem de conhecer estes portugueses de Malaca !

Cátia .. a Bárbara

Anónimo disse...

De novo, tão bem escrito... tu vais mesmo escrever um livro, não é? Talento, tens de sobra e assuntos também...
Obrigada pelas fotos, pelos textos de homenagem (merecidas) às pessoas do bairro... A Cátia lá continua, ainda agora falei com ela, tem mais ideias inovadoras, não pára! Mas tenho a certeza que estará a sentir imenso a tua falta...
Mil obrigadas pela ajuda à estudante malasiana, aí, em Braga.
Até à volta...e concordo com a Cátia, tu e a 'tua Tininha'.cr.