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sexta-feira, setembro 11, 2009

Projecto Malaca VI

Os ensaios começaram em força, com o suor a deixar-me alagado. O primeiro ensaio no Museu ainda foi mais ou menos regulado pelo ar condicionado, mas o segundo ensaio deixou-me a escorrer, o calor foi muito e as ventoinhas não compensaram o clima.


Por falar em ventoinhas, até as igrejas estão cheias delas, há sempre o ruído de fundo das ventoinhas durante a missa, são colocadas no tecto, são de vários tamanhos, ficam quase de metro em metro, é um espectáculo de correntes de ar, mas se não for assim, nada funciona. Nos carros, o ar condicionado é ligado logo de imediato e quando saio do carro os óculos embaciam imediatamente, tal é a diferença de temperaturas; nas casas, fora, está-se bem, mas a ventoinha também é utilizada.
Todas as diferenças são a nossa distracção imediata, é impossível não reparar, é impossível evitar o ar «basbaque» de curioso impertinente; as fotografias ajudarão mais tarde a fazer uma ideia do espanto, mas ficarão sempre aquém dos sentimentos experimentados. Ainda hoje, escrevo às 12.00 horas, eu cheguei aqui a casa de Mr. Banerji às 11.00, imediatamente me foi servida uma chícara de café e disponibilizado bolo de chocolate e mais comida que estava na mesa; mas de imediato nos levantámos, eu e a Cátia, que estava a acabar de se levantar e ainda não tinha iniciado a sua chícara de café (nescafé com água e açúcar escuro de Malaca), porque a senhora Jenny, em casa de quem estou hospedado, chamou a senhora Agnes, esposa de Mr. Banerji, e fomos almoçar, eram 11.15 a um restaurante chinês onde ela pediu umas posodorias variadas e ainda não experimentadas, para comermos com os pauzinhos, ou o garfo e a colher: vegetais, carne de porco, massa e sopa, ovos escalfados, pão com manteiga, tudo com um nome adequado que não sei reproduzir, e tudo acompanhado de chá, que parece café com leite, mas que sabe bem, aliás tudo me sabe bem, e começo a comer ou a querer as coisas com aquele picante ainda regulado, qualquer dia será no grau máximo da especiaria. Surpresa atrás de surpresa, tudo porque estamos hospedados em casa de gente que nos pode proporcionar a deslocação em automóvel e sabe levar-nos aos sítios apropriados sem perder tempo, mas no ir e no vir ainda não seríamos capazes de acertar o caminho.

(Intervalo: a foto ilustra o momento em que a Cátia foi incentivada a fazer o «dodol», um doce que assinala a Aria-raia, a festa do fim do Ramadão: doce à base de coco, glúten de arroz e caramelo de açúcares vários. A foto foi tirada num espaço comercial fora de um centro comercial enormíssimo; os centros comerciais aqui engolem três ou quatro dos nossos. Entretanto nos espaços comerciais vêem-se muitos empregados e clientes de máscara, por causa da gripe A.)
Entretanto vamos ouvindo o português de malaca, o chinês, o inglês, o malaio, passando algumas pessoas de um registo para outro e misturando as palavras e as frases.
Tudo isto está a ser acumulado a uma velocidade que já penso estar aqui há um mês e tal e ainda se passou apenas a primeira semana.
Uma dor muscular na perna direita começou a atrapalhar o ensaio, à noite apliquei «geliga» um bálsamo ardente que me fez bem; espero hoje não ter problemas com a chula. Uso nos ensaios o disco «Vamos Bailar à Senhora» porque as melodias são extensas e assim dá para parar, recomeçar, parar de novo e avançar. Bem dizia o senhor cónego Melo que este disco ainda havia de fazer «milagres». Entretanto, como estou hospedado em casa de Mrs. Jenny, uma convertida, porque inicialmente não era cristã, começo a achar piada às suas palavras de que tudo está relacionado e tudo tem a ver com tudo: quando conto a estas pessoas que nunca pensei vir a Malaca, mas que já em 85 tinha estudado um disco com música portuguesa de Malaca, que em 98 comprei uma colecção ao Moças com 10 discos sobre sons da lusofonia, um dos quais de Malaca, todos eles apontam e dizem: vês, já havia sinais de que tinhas de vir aqui!

1 comentário:

Anónimo disse...

Por cá são as aulas que começam em força na próxima segunda-feira!
O calor intenso e sufocante que se faz sentir nestes dias de Setembro tb vai fazer transpirar muitos profs e alunos nas nossa escolas, onde quem sabe um dia as ventoinhas façam parte do "plano tecnológico" de que tanto se fala!