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terça-feira, junho 09, 2009

Autoavaliação e Modelo de gestão

A fotografia foi tirada durante a intervenção de uma escola no Encontro Regional do Prosepe, no Sameiro, em Braga, no pretérito dia 6 de Maio. Eu estava no palanque a animar a malta e a apresentar os «performers», a convite do Jorge Lage e por «ser da família prosepe» desde o início.

Aproveito-a para ilustrar as duas questões que coloquei ao Guinote, esse mesmo activíssimo professor da Educação do Meu Umbigo.

1. Andam por aí uma posições extremadas sobre a avaliação docente que devem ser clarificadas ao abrigo do parecer elaborado por Garcia Pereira. Ora pela leitura do mesmo, dentro de todas as ilegalidades, a luta dos professores que não entregaram OI, como é o meu caso, foi e é uma luta contra o modelo de avaliação do ME, mas sem ser contra o direito e o dever de o Estado, o patrão, nos avaliar, como decorre do ECD. A recusa de entrega de OI não é a recusa do dever de o Estado, seja lá como for e por quem for, me avaliar, porque todo o trabalho que desempenhei está feito e à vista de toda a gente. Portanto daqui decorre que a autoavaliação se deverá fazer nos moldes em que o Estado, através do Director ou não, determinar que se faça e deve-se entregar. Agora o que eu acho que se deve fundamentar é o seguinte: como é que eu, que recusei o modelo simplificado, tenho o direito de exigir ao Estado que me avalie e ele o deva fazer para eu a seguir me poder defender. Se eu achei que não tinha nada que definir objectivos, se eu achei que não tinha nada que pedir aulas observadas, se eu achei que os procedimentos de nomeação de avaliadores eram arbitrários e inconsistentes em termos deontológicos, se eu achei que a divisão da classe em duas categorias prejudicava a boa avaliação e não era garantia de boa formação, apesar disso tudo eu trabalhei, cumpri, dei aulas, desempenhei as tarefas que me foram distribuídas, portanto eu não posso ficar de fora da avaliação. Não lhe parece?

Agora, outra questão, sobre o modelo de gestão: numa sociedade democrática em que o desenvolvimento é alavancado por reformas, os cidadãos têm o direito e o dever de tomar parte em todas as instâncias da mesma, não sendo mais pertinente o estar de acordo ou em desacordo com a definição das políticas, e menos pertinente o bom desempenho ético das tarefas distribuídas. Numa sociedade de paradigma revolucionário, quem não concorda muda de trincheira e demite-se de colaborar, mas numa sociedade de pendor reformista, discordar não é impeditivo de exercer cargos ou de estar em instâncias de decisão. Portanto eu não compreendo onde é que um democrata pode encontrar fundamento para não se candidatar a Director ou para não pertencer a um Conselho Geral ou para não ser avaliador, posto que a reforma foi implementada por um governo legitimado e por uma parlamento. Recusar ou ser crítico, neste paradigma de sociedade democrática, estou em crer que é boa condição para o exercício de cargos, doutra forma cai-se em unanimismos, em «carneirada», o que pode ser pretendido pelos partidos no poder, mas não é certamente pretendido por uma cidadania responsável. Um professor limita-se muito se tomar como modelo de cidadania o paradigma político ou clubístico ou de seita ou de guerrilha ou de sindicatos que anda por aí... Você dir-me-á que os partidos cilindram quem discordar, ora aí está mais uma razão e boa para os que discordam dos partidos se candidatarem aos lugares que eles pretendem distribuir pelos amigos...

1 comentário:

Unknown disse...

Caro professor José Machado, antes de qualquer consideração, parabéns por este seu texto. Afinal, as suas reflexões fazem-nos também pensar e reflectir. E, depois de ler o seu texto, chego a uma conclusão que me deixa preocupado. Em relação à sua segunda questão, parece-me que quem manda neste regime dito democrático tem medo de quem pensa. Tem medo de pessoas como o professor. Por isso, é favorecido quem segue na "carneirada". Os outros, aqueles que olham para o lado, que questionam, são incómodos. E, por isso, não podem chegar às mesmas metas dos "yes sir". Mais uma vez, obrigado por nos fazer reflectir.