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sexta-feira, maio 22, 2009

Água debaixo das pontes

1. Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Braga. Somos estes, para o biénio 2009-2010. Eu, vice-presidente, a D. Isabel Barata, vogal, o Sr. Constâncio, secretário, a D. Adélia, vogal, o Sr. Barata, vogal responsável pelo Bar e pelo aprovisionamento, o Engº Correia Vaz, presidente, o Sr. Domingos Afonso, tesoureiro. Estamos assim a modos de disponíveis para muito e para quase tudo. A ver vamos. Para já no próximo dia 30 de Maio queremos ir de Passeio até Resende, terra de fronteira entre o Alto Douro e o Douro Litoral, terra de imaginário cerejino porque é de cerejas que vamos com desejos.

2. Voltaram mais «apanhados», desta vez coube a voz a uma professora de história, provavelmente amanhã serei eu a debitar sobre o uso de calinadas na motivação dos trabalhos de casa, ou então será aquele meu colega que dizem que fala de filmes do Tarantino, quem sabe talvez aquele a quem os alunos pediram para falar da erecção dos cavalos ao vento, ou... Há sempre motivos de espanto e de conversa. Nada falta à sede de rigores para um equilíbrio sustentável: uma do governo, outra da sociedade civil, uma de homos, outra de heteros, uma de padres, outra de maçons, uma de polícias, outra de ladrões, uma de computadores, outra de armas, uma de pu... outra de pan... Estamos neste paradigma de janelas transparentes, de buracos de fechadura incontornáveis, enfim, de «vigilantes» solidários, ansiosos, disponíveis para a conversa, para a exposição de façanhas... Dizem que tudo será levado nesta «corrente educativa» que o mundo é em ser assim todo exposto a todos, mas também dizem que a corrente é de barbárie iminente, tudo são fenómenos de risco e de advertência, sinais dos tempos.

3. Fui a Viana para ver este evento de juntar 21 grupos folclóricos a dançar na praça, sustentando um clima de apelo a raízes, demonstração de valores, vontade de organização, hora de criatividades. Os eventos culturais são correntes de ar, janelas abertas, áreas de combate. Sou particularmente sensível à mobilização de argumentos nesta área do folclore e fico disponível para debater, para pensar, para agir. Ao fim e ao cabo, a legitimidade de nos encontrarmos para celebrar Mozart ou para acampar ao som de rock ou para rezar em peregrinação de causas, revela a mesma solidez de tese, seja nas margens do Coura, seja no Centro Cultural de Belém, seja na Praça da Liberdade, seja no Sameiro.

4. Quanto à luta dos professores, já disse e repito que todas as formas de constestação previstas ainda são sustentadoras da Plataforma Sindical. Independentemente dos números, importa que nos mantenhamos actuantes em todos os canais de intervenção. Não descurarei a minha parte. Começa o silêncio a ser pesado, é um facto, e agora tudo se joga nos próximos actos eleitorais. Mas ainda vale a pena ouvir e ler colegas que estão entusiasmados.

quinta-feira, maio 07, 2009

Morreu o Hugo

Morreu o Hugo
Alto, preto, caboverdeano
Falar grave e vagaroso, melódico,
Morno ou coladeiro,
Professor, irmão de mil ofícios
Na arte da madeira
Ser tudo quanto pode
Estava tão perto e tão longe,
Aqui ao pé de mim,
Ali ao pé da porta,
Em dor, em dor, em dor
Sem remissão
E eu com palavras para ele
E eu com memórias dos seus passos
E eu com o som das suas mornas
E eu com a luz do seu olhar
E ele à minha porta
E eu sem ele
E ele em mim

Estou à espera de poder contar

estou sempre à espera de poder contar
tomara eu que o soubesse
assim aguardo e fico receptivo
em eles vindo logo encontrarei
matéria que lhes seque a sede
e a mim deixe insatisfeito
hão-de por força vir em pulgas
assim lhes fazem ver que vão ouvir
histórias de palavras sem imagens
só palavras, palavras de uma boca
de um corpo, de um jeito
de uma vez
hão-de por certo ouvir alguma coisa