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sábado, abril 18, 2009

Impasses ou perspectivas?

(Volto a usar uma fotografia enviada pelo RM de Montalegre, a propósito da sinalização de melhoramentos urgentes em território familiar.)

Está em curso uma consulta dos sindicatos à classe sobre formas de luta futura. Já o disse e aqui fica o meu parecer.

Os jogos estão feitos e as ilusões perdidas. Há que avançar para o plano político das campanhas de negação do voto ao partido no poder, em todos os actos eleitorais. Não está em causa saber da virtude de esta ou daquela alternativa, mas apenas da virtude do afastamento de protagonistas. Trata-se da velhíssima questão de contrariedade de vontades no acto de mercar em feira: posso comprar ao lado e até pagar mais caro, mas não compro mais a este.

Dizem-me alguns que este acto é cego e eu afirmo a sua lucidez emotiva: em educação, a gente deve aderir antes de mais a estilos de comunicação e de acção, o que não significa desligar de conteúdos nem embarcar em modas de ocasião. Quando não se aderiu ao rosto da educadora e aos seus gestos e ao seu tom de voz, fica muito difícil entregar o coração aos argumentos de uma putativa razão estratégica. Deste Governo e desta equipa do ME e deste partido socialista, com esta gente, eu já não espero senão consumições. Fiquem-se então pelo caminho, que a barrelada de cinzas é limpadora de panos!

Os sindicatos, que é o mesmo que dizer, penso eu, a Plataforma Sindical, já se deram conta do desgaste que foi a luta contra o modelo de avaliação, afinal agora reduzida àqueles que não entregaram objectivos e para os quais é preciso que se estruture uma dinâmica de apoio e de sustentação de razões. Dê-se a máxima funcionalidade aos pareceres pedidos a juristas e tornem-se os sindicatos os interlocutores de quantos recusaram a entrega dos objectivos. Quando se faz greve, a greve é também um acto individual que está «protegido» pelos argumentos sindicais; o mesmo se deve passar com o acto da recusa de entrega de OI, que foi incentivado pelos dirigentes sindicais, assumido mesmo como última forma de luta e que, portanto e por consequência, deve gozar da mesma «protecção» sindical.

A política do ME, desde o modelo de avaliação ao modelo de gestão, passando antes pela reorganização curricular e pelo ECD, recebeu desde o início a minha crítica negativa (basta a consulta dos textos do meu blogue), mas a sua recusa não quer dizer que eu passe a vida em manifestações ou em dias de greve. Eu também continuo a não ver vantagens nas áreas não disciplinares e nas aulas de 90 minutos e pratico-as, eu também fui completamente céptico das vantagens das Assembleias de Escola e liderei-as, eu não acredito minimamente neste tipo de escola pública, laica, jacobina e asséptica, e cá ando na luta pela sua reforma. Em educação o tempo não é todo o meu e a recusa não impede a honestidade do serviço. Estar na escola não é só estar em militância de políticas de Estado; os políticos passam e a escola fica, e os bons e os maus formam-se na mesma escola e com os mesmos manuais e professores.

Significa isto que desisti? Não. O que se pode fazer é pensar agora numa estratégia de estocada final, mas se esta não ocorrer, impedir o regresso da besta ao curral já é matéria de engrandecimento, perdoe-se a comparação. De resto, sou favorável a que se promovam estudos, se promovam seminários e jornadas de reflexão, para preparar o próximo ano, para marcar a agenda política dos próximos inquilinos do poder central.

1 comentário:

Anónimo disse...

As perspectivas, na verdade, não são muito animadoras.
o ME vem agora com novas propostas para os profs porque obviamente estamos perto de momento de eleições e perder a maioria por causa dos "votos dos profs" seria uma grande derrota(bem merecida!).
a curto prazo,as minhas persectivas, como docente ainda a "meio" da carreira são obviamente os concursos para os próximos anos lectivos. É sempre um momento de grande tensão nervosa.nunca sabemos o que nos espera...
Este ano a "escolha" foi maior: um primeiro concurso e agora a possibilidade de concorrer ás escolas com programa TEIP.
Concorri a tudo! agora resta esperar...
A vida de prof. é assim mesmo!