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terça-feira, fevereiro 03, 2009

NUS - Para uma exposiçãode Miguel Louro

Os olhos já procuram interditos
Que a luz permite acesso a devaneios
Se os corpos reveláveis imprevistos

Guardarem o pudor de seus receios

Não sei de que olhar somos desejo
Que tão destemperado é no corpo
Daquele que vê outro mais exposto
Entrar pelo seu dentro insatisfeito

Dirão que o criador da sua imagem
Só quis dar luz à forma de um tecido
O corpo embrulhado na roupagem
De seu próprio encanto seduzido

Foi este corpo a criação do mundo
Nu em si mesmo se outro o não olhar
Mas de um poder que o nu torna fecundo
E justifica a luz que o consagrar

O grão é a palavra humedecida
A prova revelada do não dito
A voz suspensa a mão surpreendida
O corpo em lume brando reflectido

Talvez hoje a vulgar banalidade
De querer a olho nu toda a existência
Que se crê pele da própria liberdade
Tire à nudez a sua pertinência

Assim deve o artista prosseguir
A busca perspicaz da sedução
De um corpo outro corpo iludir
Num acto indiscreto de visão

José Machado / Braga / 2009

2 comentários:

Anónimo disse...

Que se pode dizer? É sempre a mesma sedução que a sua escrita me provoca. Daí não resistir a visitar frequentemente a sua página. A amiga Gilda

Anónimo disse...

Ai que bonito, Zé!