Pesquisar neste blogue

segunda-feira, julho 14, 2008

Em vez da terra, a casa

Cumpriu-se o ritual de içar a bandeira e cantar o hino na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Braga, no sábado dia 12, posto que de véspera se começassem as celebrações do 22º aniversário com uma tertúlia cultural para invocar Miguel Torga e conversar sobre o livro de Viriato Capela, Rogério Borralheiro, Henrique Matos e Carlos Prada - «As Freguesias do Distrito de Bragança nas Memórias Paroquiais de 1758» - livro pesadão, mas consistente e bem organizado, que se dispõe como «miradouro» privilegiado sobre as nosas terras: de lá para cá é só fazer as contas e pensar nos futuros que fizemos e aos que chegámos hoje: desde património construído a património virtual de crenças e narrativas, desde bens da Igreja aos rendimentos dos párocos, desde rios e serras à caça e à pesca, desde pessoas às instituições; o que lá falta foi o que o progresso fez e agora pode ser uma boa ocasião para nos surpreendermos. O professor Viriato Capela fez uma comunicação de clareza singular e tudo deixou explicado, mesmo nesse insinuar de que hoje não responderíamos tão rápido a um inquérito sobre nós, mesmo nesse insinuar de que podemos estar perto de esquecer as paróquias como «organizadores» do tecido social.

A Casa substitui as terras de origem, até quando consome os bens que ela produz e até quando se fecha em reuniões, colóquios, jogos de cartas, romagens ao cemitério, e até quando se esquece como lugar de frequência regular.

Depois, o mês foi de balanço para o ano escolar que findou, quase sem saldo positivo, tal foi a persistência das arritmias legislativas do ME, mas também foi de saídas para animação cultural, folclórica ao fim e ao cabo, que tem sido com este jogo de figurar quem fomos que temos andado a mostar como estamos. Neste passado próximo foram duas saídas para terras de montanha e de serra, Tourém no S. Pedro e Castro Laboreiro no S. Bento, a primeira a 29 de Junho e a segunda a 12 de Julho. As festividades religiosas ainda são pontas de lança da animação cultural e ainda se constituem como espaços de narratividade oral: quem está e quem não está, o que foi e o que é, quanto se fez e disse e mais quanto se escondeu e provocou: ele há padres que falam bem do mundo e outros que o fustigam, ele há pobreza e tristeza, mas ele há também progresso e desenvolvimento, há por aí corredores de ar puro e há por aí gargantas espantadas: tudo se vê e tudo se mostra. Mas quer não que há por aí sinais de fuga e de solidão.

A música popular quer-se gaiteira, o baile quer-se de fôlego e a madrugada continua a ser hora de viração.

Sem comentários: