(Salto 1952 - Braga 2008)
Nasceu no coração de Salto, concelho de Montalegre, em 10 de Janeiro de 1952, onde fez os estudos do 1º ciclo. Depois estudou no Colégio da Borralha e foi aluno do Colégio D. Diogo de Sousa,
Foram breves os seus dias, mas intensamente vividos como cidadão, apaixonadamente harmonizados na relação familiar com sua esposa e dois filhos, também amorosamente comprometidos no mesmo sonho, festivamente cantados e bailados por recintos, ruas e palcos, intelectualmente satisfeitos em obras de investigação histórica, convictamente participados na sua Assembleia de freguesia, na sua comarca e nas associações de que era membro: a Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Braga, de que era vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral, a Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé» (Grupo Folclórico de Professores de Braga), a Confraria Gastronómica da Carne Barrosã e os Bombeiros de Salto, de que foi presidente da Direcção.
Morreu cedo, mas em movimento de dinamização contínua da sua vida familiar, cultural e intelectual, entusiasmando-se e entusiasmando os outros, transmitindo nas palavras e na relação pessoal uma curiosidade insatisfeita, uma apetência pela aprendizagem, uma dedicação íntegra às causas e às pessoas, um desejo de cooperação e de bem estar, harmonizando diferenças, relativizando divergências, assumindo princípios e convicções.
É autor e co-autor de mais de uma dúzia de trabalhos referenciados na área da história, os quais resultam da sua integração numa equipa de investigação dirigida pelo professor doutor José Viriato Capela, destacando-se também a sua participação em Colóquios e Seminários.
Foi um homem da sua terra na terra de outros, tudo fazendo para que transportássemos juntos essa arca da aliança que une as tradições e os projectos de desenvolvimento local, regional e nacional, estruturando as suas intervenções a partir de uma matriz cristã, humilde e criticamente receptiva.
Tomou a escola como terra de semente, tomou a terra como escola de virtudes. Fez a casa, plantou as árvores, fez os filhos, granjeou os amigos, escreveu os livros, guardou as histórias e contou-as.
Se dele aproveitarmos o exemplo, aceitaremos a vida como tempo propício de esperança, tomando o trabalho como princípio regulador, procurando sempre novos projectos de envolvimento, novas parcerias, novos desafios.
Morreu precipitadamente, com o mesmo mistério de causas que envolve a génese da vida: essa suspeita de um desígnio de Deus, que ele tomava como Luz do Ser.
Meu querido amigo, a dor rasgou-te o corpo,
Desconcertou-te os braços e as palavras
Ficaram nos teus lábios embargadas,
Mas expostas ao nosso desconforto.
Caiu-te o céu em cima, em fogo posto,
Sem tempo à dispersão das tuas asas
Por terras, por histórias encantadas,
Que garantem à vida o seu renovo.
Mas foi grata a presença dos teus passos,
Intensa foi a marca do teu riso,
Segura a prontidão dos teus abraços.
Entre nós vai agora ser preciso
Que venhas do Eterno Paraíso
Apertar com firmeza os nossos laços.
José Machado, Braga, 2008-07-28