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segunda-feira, julho 30, 2007

Festival Internacional de Folclore de Braga















Foi nos dias 27, 28 e 29 deste mês de Julho, em Braga, e foi o 9º Festival de Folclore com este atributo de Internacional, tendo estado presentes grupos do Chile, do México, da Letónia, da Polónia, da Ucrânia, de Cabo Verde (via comunidade imigrante de Almada) e de Portugal (grupos de Braga, de Cinfães e de Faro). O meu grupo - Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé» - que faz parte também da organização, juntamente com a CMB e os grupos Gonçalo Sampaio e Rusga de S. Vicente, actuou no primeiro dia, sexta-feira, à noite, para fechar a primeira passagem dos grupos pelo palco da Avenida Central. Os grupos «estrangeiros» apresentaram «paisagens» coreografadas das suas terras, das suas histórias; os grupos portugueses conservaram-se no retrato dos seus lugares de origem; todos deixaram que falar e que ver: a música e a dança contam as histórias desta relação entre o homem e a natureza, correm o campo semântico que vai dos gestos de criação até aos temores da despedida, projectam para diante uma certa saudade do equilíbrio de outros tempos. As duas fotografias acima não têm nada a ver com este Festival, mas têm tudo a ver com este género de espectáulos, por isso as passo a comentar. A primeira diz respeito à assistência que no dia 22 de Julho esteve em Raiz do Monte a presenciar um festival de folclore; entre a assistência estão a minha mulher e os meus pais, logo nesta primeira fila, do casaquinho cor de rosa para lá, ou seja, o boné azul, o boné beje e o chapéu branco. A segunda diz respeito à paisagem natural ou humanizada na zona de Cavez, com o rio Tâmega como espelho do céu. Se a primeira imagem for um resultado diferido da segunda, ou se a segunda for um provável fundamento da primeira, o meu propósito de escrita já poderá afirmar que em Braga estiveram reminiscências de lugares assim, com mais gente e com mais paisagens de outros rios e de outros céus. Um festival de folclore pressupõe-se como viagem de regresso a uma situação de equilíbrio entre a natureza e o homem, concretiza-se como «contemplação» de um tempo primordial de relações sociais. Ao fim e ao cabo, é assim com qualquer festival, mesmo de rock, mesmo de ópera, mesmo de música electrónica; um grupo actua para outro que assiste, tendo como conteúdos mediadores as músicas ou as cantigas que evocam as paisagens primordiais de equilíbrio e de satisfação plena das necessidades de realização pessoal. Mesmo que seja para fazer ver a que distância nos podemos encontrar dessa ideia de paisagem perfeita ou dessa ideia de natureza primordial. Os recentes espectáculos festivaleiros à volta do Planeta Terra terão mobilizado estes mesmos propósitos, com mais excessso de pertinência observadora e crítica, com mais acentuação das rupturas irreversíveis já provocadas nas paisagens e nas assistências. A minha mãe e meu pai disseram que o festival de Raiz do Monte foi bonito, que as pessoas dos grupos se esforçaram o melhor que souberam, que estas coisas não deveriam acabar, que já se vê pouca juventude nos palcos, que já se vêem muitos velhos a ver. Tirei as fotografias para me lembrar dos lugares e das situações, tirei-as para me entusiasmar por qualquer coisa que elas não mostram, mas que está lá: o nosso amor às terras, aos lugares, às pessoas, o nosso dever de preservação e de continuidade.

1 comentário:

Pedro Morgado disse...

Esse festival é do pouco que ainda se faz em Braga... Durante o Verão a cidade morre...