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domingo, novembro 26, 2006

Pós-casamento: o amor no dia seguinte

Foi surpresa para a maioria dos convidados, ainda que houvesse uma quase certeza de suspeitar que a festa era para anunciar o casamento ou o compromisso entre os noivos, mas quase ninguém supusera que eles fossem apresentar a cerimónia do casamento de véspera neste dia seguinte. O Carlinhos Couto, nosso amigo desde pequeno, agora engenheiro civil na empresa do sogro, convidara-nos para a festa de anos da Filipa, sua noiva, dentista, menina que sempre víramos tímida e recatada, mas de um sorriso desarmante. Foramos com aquelas prendas que se dão por anos, mas que não se indicam para o casamento, se calhar as prendas certas para uma surpresa do género daquela que nos fizeram, uma para guardar o retrato dos noivos, outra para o noivo ele próprio se lavar em dia de empreitada de caboucos. Os pais de um e de outra bem que andavam com um ar comprometido, mas a gente nunca iria suspeitar que fosse o ar de já terem mais um filho no rol das funções familiares. Boa surpresa seria ainda aquela que os desse por adiantados já em matéria de herdeiros, mas dessa não soubemos, cá fica a ideia de que lhes ficaria bem, até porque a noiva estava esplendorosa, feminina, deninibida, maternal e o noivo tinha aquele ar desinteressado das obras de papel que nunca mais se alicerçam no terreno. Já gora, outra surpresa dentro da surpresa: o filme do casamento da véspera levou na montagem para o dia seguinte os Beatles, Imagine e Let it be, inspirações de uma cultura pop em que toda uma geração de pais se banhou e com a qual se prolongou neste futuro que foi a festa do casamento dos filhos. Há sons que fazem caminho pelos nossos corpos! Deixa andar! Se calhar está na mesma linha de imaginar um mundo de amor o poema que dediquei ao Carlinhos e à Filipa, os filhos de outros que me dão cuidados.

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