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quinta-feira, outubro 12, 2006

As escolas de boas práticas

Aparecem a cada passo na comunicação social e são chamadas à primeira página dos noticiários televisivos, são invocadas a destempo, é certo, mas emergem em ocasiões oportunas, sobretudo quando é preciso fazer contraponto, que o contraponto em música faz parte da peça para lhe garantir harmonia e encantamento, para assegurar o efeito surpresa. Elas são as escolas que resolveram o problema da violência, elas são as escolas que resolveram o problema da exclusão social, elas são as escolas que resolveram o problema dos feriados, elas são as escolas que resolveram o problema da limpeza, elas são as escolas que resolveram o problema da falta de funcionários, elas são as escolas que resolveram o problema da carência de obras nas instalações, elas são as escolas que resolveram o problema do défice orçamental, enfim, elas são as escolas de boas práticas. O que é que eu lhes acho de extraordinário? Tudo o que dizem que fizeram e fazem sem dizerem como e com quem e quando! Mas, sobretudo, o facto de essas escolas omitirem sempre que tudo foi possível porque introduziram a diferenciação salarial e titular, como quer o ME, omitirem sempre que as boas práticas resultaram de concursos internos por competência curricular, como quer o ME, omitirem sempre que fizeram a avaliação dos professores, como quer o ME, omitirem sempre que diminuíram despesas e aumentaram as receitas, como quer o ME. Por entre linhas do discurso laudatório, as notícias vão dando conta de que tudo nessas escolas se deveu, afinal, ao voluntarismo e à carolice de uns tantos, que tudo se deveu à assiduidade contínua dos mesmos, que tudo se deveu à boa vontade, ou seja, que tudo se fez por raiva e por vingança poética sobre aqueles que faltaram, desde a primeira hora, ao cumprimento dos seus deveres. Provavelmente, no futuro, quando o novo estatuto da classe docente entrar em vigor, todas as escolas terão boas práticas e já não haverá notícais de excepção.

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