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quarta-feira, julho 19, 2006

Ano lectivo 2005-2006: avaliação

1. A escola é um lugar de aprendizagem e realiza-se como tal. Vale o esforço e compensa-o. A escola vale também por ser fonte de maldizer e se prestar a todos os desabafos.

2. A escola é um espaço receptivo a decisivos jogos ou peladinhas de futebol, com embalagens vazias de iogurte a fazer de bola, ou latas de sumos, ou embalagens de não sei quê. Normalmente o número de jogadores é limitado, mas as regras existem e cumprem-se: marcam-se livres e penaltes, as fintas sucedem-se, os golos festejam-se ruidosamente.

3. A entrada principal da escola tem sempre muros abertos à escrita de todas as intenções; os seus muros interiores também, ainda que nem sempre de acordo com as regras da ortografia, mas sempre de acordo com as regras da frustração. Nos placares ou no quadro, mas também ali, junto à fita do estore, à margem da carteira, no fundo da sala, longe do quadro, a parede e a pedra mármore do parapeito da janela ficam receptivas à escrita. Frequentar a escola quer dizer usá-la com frequência? E usar a escola quer dizer transformá-la em caderno de apontamentos?

4. A CMB repavimentou o passeio exterior de acesso aos portões da nossa escola. Mas uma obra necessária era também a marcação dos lugares de estacionamento e a melhoria da estrada de saída para o mundo.

5. Existe o mundo subterrâneo das carteiras escolares, basta olhar para debaixo dos tampos. As inscrição poderão sempre ler-se em vários sentidos, conforme as marcas, mas algumas sugerem-nos intenções possíveis: Eu escrevi nesta carteira para experimentar o corrector, Eu comecei mas outros continuaram, Eu não consegui fazer o que queria, Foi a melhor maneira que tive para passar o tempo de aula, Consegui fazer sem ser incomodado, Para a próxima termino o texto. Os correctores são uma invenção do nosso tempo. As chiclas moram nas costas das carteiras, em lugares opostos aos dos livros, mas em lugares que os dedos aproveitam sempre muito bem. E se as chiclas não colassem? Já agora, deve-se dizer chicla ou chiquelete ou chiclete? Se não se diz biciquelete, mas bicicleta, deveria ficar chicleta?

6. A Escola em dias de nevoeiro não é a mesma coisa que o nevoeiro nos dias da escola, pois não? Mas que há um sossego próprio dos espaços escolares, lá isso é verdade. Valha a verdade, a escola sossegada é um desejo absoluto, mas não tem interesse, nem para o nevoeiro. O barulho solar ou a confusão dos dias de inverneira dão-lhe outro fastio, outra vontade de comer.

7. A escola dá fome, na escola come-se muito e mal e estraga-se a comida como sinal de afirmação das indecisões do crescimento. Quando os alunos atiram com pão uns aos outros, na cantina, mexem abusivamente nos símbolos e desafiam o sentido do mundo. A educação não cresce por instinto, de facto.

8. Na sala de professores passa-se o tempo, gasta-se o tempo, nunca se ganha tempo.

O Tomás

O nosso sobrinho, e proximamente afilhado, Tomás, filho do meu irmão Fernando e da Paula, já pais do Francisco, residentes no Porto, ele de Jales, ela de Mogadouro, um casal de pergaminhos. Que o tempo futuro nos permita enriquecedoras oportunidades de aprendizagem na arte de educar um jovem a sentir-se feliz no melhor dos mundos possíveis. Dizem que chora muito, que só quer a mãe, que dá muita canseira, mas que é encantador, que está a crescer a olhos vistos, que qualquer dia não vai acreditar que deu mau dormir, que fez birra, que mamou com exagerada frequência. Qualquer dia vai estar a jogar a bola com o Francisco e com os pais e estes é que se vão aborrecer com frequência, porventura fazer birras ou então abandonar o jogo para comer.

domingo, julho 09, 2006

Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Braga

Sou vice-presidente desta associação que tem a qualidade de Pessoa Colectiva de Interesse Público há quase dez anos, os primeiros quatro com o presidente Nuno Carlos, professor, depois outros quatro com o presidente Correia Vaz, engenheiro, e agora já um com o presidente Avelino Gonçalves, Procurador-Geral Adjunto. Na foto ao lado, aqui estamos alguns no acto solene de hastear a bandeira e cantar o Hino Nacional, ritual com que iniciamos a celebração do aniversário da Casa no seu dia principal, ou seja, aquele em que decorre o almoço de confraternização depois da romagem ao cemitério em memória dos associados já falecidos ou dos seus familiares. Esta associação tem sede no prédio onde vivo, somos condóminos. Esta associação tem vinte anos de existência, cerca de 900 associados inscritos, mas com três centenas apenas de pagantes regulares de quotas, as suas instalações abrem ao fim-de-semana, sexta à noite, sábado de tarde e à noite e domingo à tarde, tem um bar com cozinha onde se preparam jantares e pestisqueiras de ocasião, tem uma biblioteca, tem duas salas e um terraço para convívio. Habitualmente os associados jogam as cartas, a sueca quase sempre, em mesas de pano verde. Eu não jogo a sueca e frequento mal a casa no aspecto do convívio semanal, ocupo-me com iniciativas de carácter cultural, faço as actas, dou seguimento ao correio, ando por lá. A Casa já teve um Grupo de cantares regionais e um Grupo de Pauliteiros, agora mantém com grande dinamismo um Grupo de Cavaquinhos. Todos os anos se organizou um grupo de Cantar os Reis, o qual foi uma das pedras fundamentais para a aquisição das instalações, compradas ao INH e construídas pela Cooperativa de Construções e Habitação Bracara Augusta, já extinta. O que é suposto a Casa ser, um centro de estímulo e de crescimento de uma certa identidade regional em torno da transmontaneidade, se é que esta ideia tem sustentação, é-o com razoável humildade, mas é-o, até pela resistência de vinte anos em torno desta mesma ideia.

quarta-feira, julho 05, 2006

A minha mãe e a minha mulher e depois a malhada do centeio com uso de malhadeira mecânica, em Raiz do Monte, terra onde fica a casa e a propriedade de meus pais. Na foto em que se vê a Tininha com a hortaliça à cabeça, vê-se ao fundo um castanheiro e para lá dele, à direita, não se vê a parte do terreno em que se fez sempre a horta da casa, um território onde eu, e meus irmãos também, fizemos o tirocínio da agricultura, numa aprendizagem ora individualizada, ora comunitária, sempre a custo das horas da brincadeira, sempre sacrificada no regresso à aldeia de Jales, ali a dois quilómetros, com os carregos dos produtos e dos serviços que a terra determinava. A malhada decorreu na eira em frente a nossa casa, depois de segado o centeio uns dias antes, em jornada de reconstituição festiva de usos e costumes, promovida pelo Grupo Folclórico local, uma iniciativa em que meu pai andou sempre envolvido enquanto pôde. A minha mãe é natural de Raiz do Monte, onde nasceu a 25 de Agosto de 1924, na família Gomes. Toda a vida trabalhou de costura, que aprendera com seus pais. O meu pai é natural de Nogueira, freguesia de Vila Real, essa mesma que tem uma banda de música de quem se diz que se esfarrapam todos, mas meu pai não foi músico; depois de cumprido o serviço militar veio trabalhar para as Minas de Jales, de onde se reformou ao fim de quase meio século de dedicação exaustiva à empresa, tendo cumprido quase sempre funções de fiel de armazém, mas acabando como chefe do escritório. As heranças de Nogueira, pequenas que foram, transformaram-se em recursos da criação de nove filhos; das de Raiz do Monte manteve-se esta propriedade da Mó, onde meus pais acabaram por construir uma casa e onde estão a viver a reforma, já limitados por problemas de saúde.

sábado, julho 01, 2006

SALVÉ DIA 6 DE JULHO DE 2006
O MEU PAI FAZ 79 ANOS.