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quarta-feira, maio 03, 2006

Viagem a Paris
A decisão de abalar até Paris, nestas férias escolares da Páscoa, foi tomada por impulsos, o primeiro afectivo e o segundo rodoviário, mas a conselho de amigo experimentado, com mapas de imperfeição crónica, é certo, e com impressão de itinerários a partir da net, estes também atrasados em relação à construção das auto-estradas e em relação à sinalética de desvios, cruzamentos e entroncamentos. As estradas mantêm alguns truques para nos obrigarem à sua frequência e os caminhos fazem-se sempre depois de andados. Ainda bem que o impulso aéreo não funcionou à última hora, após a consulta das tarifas. Feitas as contas, o dinheiro do avião deveria chegar para o gasóleo e para os comes e bebes e as dormidas. Deu-se o acaso de a minha irmã, que está colocada como professora de Português em Paris, nos ter desafiado a vistá-la neste último ano de destacamento e deu-se o acaso de o Banco onde minha mulher trabalha ter consentido numa marcação de férias quase sem aviso. Eu, a minha esposa e o meu sobrinho João Pedro fomos por aí acima, com liberdade de paragem e de pernoita onde fosse o caso, mas depressa o sentido de viagem com destino se impôs nos ritmos de condução e de descanso. Mesmo assim, a primeira noite passámo-la em Irun, num hotel Ibis de localização periférica, tão convidativo a conhecer a terra onde ficava como a ficar entre paredes, que jogavam o Benfica e o Barcelona e a «camisola» veste-se também fora de casa. Assisti ao jogo na companhia de um catalão de quatro costados, conhecedor de dirigentes e de atletas dos clubes portugueses, por dentro também das rivalidades entre os clubes espanhóis, categórico quanto aos méritos do Barcelona. O quarto e a cama foram compensadores da pequena frustração positiva, a manhã levantou-nos risonhos e animados, o pequeno-almoço dispôs-nos ao caminho e a estrada de beira-mar até Biarritz configurou-nos uma urbanidade excessiva, mas de aparência regulada e sustentada, pelo mesno neste tempo em que a praia já apetece mas não se impõe, pois dos infernos de Verão hão-de falar outros que os viverem. Agora aquela estrada até Bordéus é um hino aos camiões! Quantos e quantos de todas as nações ali se vêem, que fortunas e que pesadelos económicos por ali não vão! A economia anda na estrada, tão demoradamente a ultrapassar-se quase à mesma velocidade de cruzeiro, como levianamente a sumir-se na ansiedade das pressas, ainda que a estrada esteja pejada de controladores de velocidade e de apelos à precaução. Para já, fiquemo-nos pela área de descanso, que os serviços são acolhedores.

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